Placas de gesso que compõem o forro do teto do Hospital da
Restauração (HR), na área central do Recife, caíram na tarde desta
segunda-feira (2) e a água de um cano estourado atingiu pacientes da unidade de
saúde, que é a maior da rede pública do estado. Imagens enviadas ao WhatsApp da TV
Globo mostram a queda do forro e o desespero de pacientes e funcionários
O caso ocorreu por volta das 13h30 na unidade de trauma,
quando um cano estourou, de acordo com a assessoria de imprensa do Hospital da
Restauração. O vídeo mostra pacientes, alguns intubados, sendo removidos do
local onde estavam às pressas.
Também é possível ouvir gritos de pacientes e o desespero
de um profissional de saúde pedindo para preparar material para
intubação. Não houve feridos e o atendimento não foi interrompido, de
acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (confira
resposta mais abaixo), que informou que 10 pacientes da sala vermelha e 86
pacientes da sala laranja foram removidos provisoriamente e depois retornaram.
Um homem que estava no local no momento da queda do forro
descreveu a situação e pediu providências ao governo de Pernambuco.
"Olha que agonia, pessoal. Tudo isso é água. Os
pacientes intubados, a gente precisando de cirurgia, as enfermeiras todas
trabalhando para tirar os pacientes, olha aí seu Paulo Câmara [governador], o
cidadão aqui intubado levando um banho aqui", disse, na gravação.
De acordo com o presidente do Sindicato Profissional dos
Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Pernambuco (Satenpe), Francis Herbert,
há inúmeros problemas estruturais nas unidades de saúde do estado, o que coloca
em risco as vidas dos pacientes.
"Tinham pacientes graves, intubados e que realmente
estão precisando de atendimento, com risco iminente de morte, e o teto caiu,
foi água para tudo quanto é canto. Infelizmente essa é a estrutura das nossas
unidades de saúde. A gente vem denunciando isso e, infelizmente, o governo e as
autoridades não dão atenção", afirmou Francis.
O diretor do Hospital da Restauração, Miguel Arcanjo,
explicou que o vazamento aconteceu em uma tubulação que extravasou na sala
laranja 1 e a água terminou se espalhando também pelas salas vermelha e
laranja. Ele afirmou que nenhum paciente sofreu danos.
"Caiu água em paciente, mas teto não. Os pacientes
que estavam nas (salas) laranjas e na vermelha foram evacuados, levados para
outro setor do hospital. Limpamos todas as áreas e os pacientes estão de volta
e, graças a Deus, não aconteceu nada demais, está tudo está sob controle",
disse.
O acesso aos visitantes foi temporariamente bloqueado na
unidade de saúde. Paulo Roberto está com o pai internado na ala vermelha e
ficou revoltado com a falta de informações.
“Está lá dentro e não deram informação nenhuma ainda. Só
fizeram isso aqui, reforçaram aqui na frente a segurança para que a gente não
tivesse acesso ao local onde tem informação. Isola a família e seja o que Deus
quiser lá dentro”, declarou.
Resposta do governo
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES)
afirmou que o vazamento de água ocorrido no Hospital da Restauração "se
deu por conta do rompimento de uma tubulação de água potável". O caso
aconteceu no 1º andar, em uma das salas da enfermaria, e "a vazão da água
pressionou duas placas de gesso, fazendo com que cedessem".
No texto, a SES declarou que "o problema foi pontual
e não está relacionado a estabilidade estrutural do prédio". Também disse
que, segundo a direção do hospital, "não houve registro de pacientes
feridos ou atingidos e o serviço não foi paralisado".
Após o ocorrido, a equipe médica removeu,
provisoriamente, 10 pacientes da sala vermelha e 86 pacientes da sala laranja.
Segundo a SES, todos eles retornaram às salas.
"A equipe de manutenção, que também foi acionada,
conteve o vazamento em poucas horas, assim como a equipe de limpeza, que
higienizou o local. Por prevenção, foram retiradas outras placas de gesso até o
total reparo da tubulação e recolocação das placas", disse a SES.
O g1 também
procurou o governo de Pernambuco para pedir um posicionamento sobre as críticas
à gestão da área de saúde pelo Executivo estadual, mas não obteve resposta até
a última atualização desta reportagem.
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