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Maxixe de Tacaimbó já abastece até Manaus, PE

 

Quem se dirige ao Sertão de Pernambuco pela BR-232, 15 km depois de Belo Jardim, se depara com o acesso a Tacaimbó, mas nunca visita a cidade. É a triste sina de lugares fora de rota. Ali, os habituais visitantes são os compradores de maxixe, planta da família da abóbora, do pepino e do melão. Tem excelentes recomendações pelos nutrientes que carrega. De origem africana, adaptou-se facilmente à culinária regional e fez da pequena Tacaimbó, a 170 km do Recife, uma gigante produtora da espécie.

Os dados não são oficiais, mas provavelmente o município seja o maior produtor de maxixe do Nordeste. São mais de quatro mil famílias envolvidas na atividade. Na prática, 60% das pessoas que residem no município, a ave rara do Agreste administrada por um prefeito do Partido dos Trabalhadores (PT). De origem rural, Álvaro Marques nunca pensou em entrar na política.

Seu sonho era viver do futebol profissional. Volante, chegou a jogar no Central de Caruaru, mas seu reinado durou apenas dois anos. A política de sua terra natal o sequestrou. Elegeu-se vereador, fez um excelente mandato e daí foi um passo para derrotar uma velha oligarquia de direita do município, tendo sido reeleito no pleito passado. Álvaro (foto) não planta maxixe, mas vem de uma família rural e seu vice-prefeito, Val Lourenço, do PDT, tira do maxixe o sustento da família.

De tão identificado com a cultura da cidade, o maxixe foi usado até por um candidato a vereador para tentar um mandato: Giva do Maxixe (PSB), que ficou na primeira suplência, com chances de assumir, porque a Câmara está envolvida numa grande confusão: a justiça eleitoral cassou o mandato de cinco vereadores, atendendo a uma representação do DEM com supostas provas de candidaturas laranjas.

O ANO INTEIRO

O maxixe em Tacaimbó é cultivado durante o inverno, sob condição de chuvas, ou nos verões, quando se usa irrigação a partir de águas de açudes e riachos da região. Ocupa milhares de famílias, tornando-se o símbolo do município. Normalmente cultivado por mini e pequenos produtores, representa grande fonte de renda e emprego para milhares de pessoas.

A produção de Tacaimbó abastece quase todo Pernambuco, parte de Alagoas e da Paraíba e, nos últimos meses, tem sido comercializada para Manaus, capital do Amazonas. Alguém pode dizer que se trata de uma cultura menor ou fortemente concentrada em uma pequena área. Vale chamar a atenção para o fato de que o agronegócio municipal ou regional do semiárido é constituído, quase sempre, da soma de segmentos menores, especializados em poucas opções de cultivo.

“Nem sempre o maxixe é lembrado como um legume, verdura ou condimento de maior importância”, diz Geraldo Eugênio, técnico do IPA. Segundo ele, à exceção de quem conhece o que é maxixada, uma das iguarias do Nordeste, o maxixe está presente comumente no feijão do dia a dia, dando um sabor especial. Os agricultores de Tacaimbó começam a fazer experimentos com uma técnica diferenciada – o cultivo tutorado. 

O engenheiro-agrônomo Lucas da Silva Freire explica que essa tecnologia facilita o cultivo e é uma ótima opção durante a colheita. Não precisa, segundo ele, agachar-se para colher os frutos, melhora a qualidade do produto, favorece o controle fitossanitário e, por fim, aplica tratos culturais e reduz custos de mão de obra. “A olericultura promove renda para o produtor com o giro rápido da cultura e pode produzir o ano todo com o sistema de irrigação por gotejamento”, enfatiza Lucas.

Conforme o engenheiro, o sistema tutorado utiliza rede agrícola fixada em esticadores e escoras de madeira. Esse sistema de plantio evita prejuízos causados pelo pisoteio, danificando as ramas das plantas. Na propriedade a área de tutoramento possui 12 linhas espaçadas de 1,5 metros por 48 metros de comprimento que é igual a 864 metros quadrados, este sistema possibilita a produção no período das chuvas e o ano

Como produzir no sistema tutorado

O cultivo em sistema tutorado é a céu aberto, onde as plantas crescem apoiadas em estacas de madeira ou bambu, apoiadas por arame, cordões ou fitas. Por este sistema, são cultivadas plantas de crescimento indeterminado ou semi determinado, para evitar que elas se desenvolvam em contato com a terra e, assim, sejam minimizados os problemas com doenças nas folhas e frutos.

No cultivo tutorado, as plantas podem ser conduzidas com uma ou duas hastes e todas as brotações laterais são eliminadas, e quando atinge o arame o broto terminal ou apical é também eliminado para possibilitar maior desenvolvimento dos frutos das peças superiores. Com esta operação o período de produção fica limitado a 50 – 60 dias.

As culturas que se utilizam desse sistema de produção são, normalmente, plantas rasteiras, cujos frutos são consumidos ao natural, como maxixe, pepino, maracujá, tomate, feijão-vagem, bucha vegetal, chuchu e outras.

Blog Magno Martins

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