O ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse nesta sexta-feira (20) que infecções por coronavírus deverão disparar no Brasil entre os meses de abril a junho.
"A gente deve entrar em abril e iniciar a subida
rápida [de infecções]. Essa subida rápida vai durar o mês de abril, o mês de
maio e o mês de junho, quando ela vai começar a ter uma tendência de
desaceleração de subida", afirmou Mandetta.
Os casos de transmissão de Covid-19, infecção causada
pelo coronavírus, deverão perder velocidade a partir de julho e, em agosto, é
esperado que as ocorrências comecem a cair.
"O mês de julho, ela deve começar um platô. Em
agosto, esse platô vai começar a mostrar tendência de queda. Em setembro é uma
queda profunda, tal qual foi uma queda de março na China. Esse é o cenário que
o mundo ocidental está trabalhando”, disse.
Em São Paulo, estado mais afetado, o surto começará mais
cedo. “A gente imagina que ela [a infecção por coronavírus] vai pegar
velocidade [em São Paulo] e subir na próxima semana, 10 dias"
Até esta sexta, o Brasil confirmou 11 mortes por
coronavírus, sendo nove
delas somente no estado de São Paulo. As secretarias estaduais de Saúde
também divulgaram 793 casos confirmados de infecção em 23 estados do país.
Colapso
Mandetta afirmou ainda que o sistema de saúde poderá
entrar em colapso no próximo mês. "Nós temos aí 30 dias pra que a gente
resista razoavelmente bem, com muitos casos, dependendo da dinâmica da
sociedade, mas claramente em final de abril nosso sistema entra em
colapso."
"O colapso é quando você pode ter o dinheiro, você
pode ter o plano de saúde, você pode ter a ordem judicial, mas simplesmente não
há o sistema pra você entrar. É o que está vivenciando a Itália",
esclareceu o ministro.
O ministro ponderou que tão importante quanto abrir novos
leitos e hospitais, é o sistema ter estrutura para atender os pacientes e
equipamentos para proteger os profissionais de saúde.
"Nós temos espaço para o sistema [de saúde] crescer.
Mas temos que ter luva, equipamento. Isso nos preocupa. Estamos achando
alternativas dentro do parque industrial que temos. Se conseguirmos, vamos
duplicar, triplicar a fabricação de ventiladores", afirmou. "Adianta
abrir leito de CTI [Centro de Tratamento Intensivo] agora em locais que nem tem
casos de transmissão?"
Restrições
Sobre as medidas de restrições adotadas por algumas
cidades, Mandetta disse que mais difícil do que interditar espaços públicos, é
saber quando é seguro reabri-los. "Fechar é fácil, qualquer prefeito está
doando ordem. E quando que vamos reabrir? Eu preciso de uma série de
informações para abrir com segurança."
Durante a tarde, o ministro voltou a pedir moderação para
os governos estaduais e municipais. "O difícil é [decidir]: o que é
essencial? É alimento, é cloro para pôr na água. Como fazer a movimentação dos
medicamentos? Essas decisões de interromper ou fechar são muito fáceis de serem
feitas. Elas precisam serem muito precisas, pensadas. Ainda há tempo das
pessoas pensarem nas consequências."
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