A Polícia Federal prendeu, na noite desta quinta (19), o
ex-governador Paraíba Ricardo Coutinho (PSB/2011-2018) no Aeroporto de Natal,
logo após ele chegar ao Brasil, por volta das 22h40, de sua 'viagem de férias
previamente programada'. O político teve prisão preventiva decretada no âmbito
da sétima fase da Operação Calvário, desencadeada nesta terça (17) para
investigar grupo que desviou R$ 134,2 milhões dos recursos da saúde do Estado.
O ex-governador havia declarado em sua página no
Instagram que iria antecipar seu retorno "para se colocar à inteira
disposição da justiça brasileira para que possa lutar e provar sua
inocência".
Após a prisão, Coutinho foi levado a João Pessoa, passou
por exame de corpo de delito e foi encaminhado à sede da Polícia Federal.
Segundo o advogado Eduardo Cavalcanti, que defende o
político, Coutinho pode passar por audiência de custódia ainda na manhã desta
sexta (20).
Coutinho foi um dos alvos das 17 ordens de prisão
decretadas pelo desembargador Ricardo Vital de Almeia, do Tribunal de Justiça
da Paraíba, no âmbito da "Juízo Final" - como foi batizada a sétima
etapa da Calvário. Na terça, 17, a PF prendeu a deputada estadual Estela
Bezerra e a prefeita de Conde Márcia de Figueiredo Lucena Lira, ambas do PSB,
além de Waldson Sousa, Cláudia Verás e Gilberto Carneiro da Gama,
ex-secretários durante o governo de Coutinho.
A ação ainda realizou 54 buscas, parte delas contra o
atual governador João Azevêdo e três conselheiros do Tribunal de Contas do
Estado, André Carlo Torres, Nominando Diniz e Arthur Cunha Lima. As medidas
contra tais investigados foram determinadas pelo ministro Francisco Falcão, do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), por causa da prerrogativa de foro.
O Ministério Público aponta que Coutinho seria o líder de
uma organização criminosa que se instalou na área da saúde de sua administração
por dois mandatos, entre 2011 e 2018. Segundo delatores da Calvário, o
ex-governador teria recebido propina mensal de R$ 360 mil, apenas da área da
saúde.
A ex-procuradora-geral da Paraíba, que também ocupou o
cargo de secretária da Administração do Estado, Livânia Farias relatou em
colaboração premiada uma rotina de entregas de dinheiro em espécie na Granja
Santana, residência oficial do governador, na época em que Ricardo Coutinho
comandava o Estado da Paraíba. Até 2018, último ano do segundo mandato de
Coutinho, ela afirma ter feito a entrega de R$ 4 milhões.
"Ricardo Coutinho era o responsável direto tanto
pela tomada de decisão dentro da empresa criminosa quanto aos métodos de
arrecadação de propina, sua divisão e aplicação", assinalou o Ministério
Público.
A Promotoria indicou ainda que suposto grupo de Coutinho
mantinha uma "sólida estrutura" no Palácio da Redenção contando com
um núcleo político, um econômico, um administrativo e um operacional. Segundo o
MP, o ex-governador detinha 'ascensão total' sobre todos os outros poderes da
Paraíba, inclusive o Tribunal de Contas do Estado.
COM A PALAVRA, RICARDO COUTINHO
Após o desencadeamento da Juízo Final, o ex-governador da
Paraíba postou em sua página no Instagram:
"Fui surpreendido com decisão judicial decretando
minha prisão preventiva em meio a uma acusação genérica de que eu faria parte
de uma suposta organização criminosa.
Com a maior serenidade digo ao povo paraibano que
contribuirei com a justiça para provar minha total inocência. Sempre estive à
disposição dos órgãos de investigação e nunca criei obstáculos a qualquer tipo
de apuração.
Acrescento que jamais seria possível um Estado ser
governado por uma associação criminosa e ter vivenciado os investimentos e
avanços nas obras e políticas sociais nunca antes registrados.
Lamento que a Paraíba esteja presenciando o seu maior
período de desenvolvimento e elevação da autoestima ser totalmente
criminalizado.
Estou em viagem de férias previamente programada, mas
estarei antecipando meu retorno para me colocar à inteira disposição da justiça
brasileira para que possa lutar e provar minha inocência.
Ricardo Vieira Coutinho"
COM A PALAVRA, O PSB
Quando a 'Juízo Final' foi deflagrada, a assessoria de
comunicação do PSB informou por meio de nota: "Em face da Operação
Calvário, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, 17, no
Estado da Paraíba, o Partido Socialista Brasileiro reafirma, como sempre, seu
total apoio à apuração dos fatos, respeitados o devido processo legal e o amplo
direito de defesa. O PSB reitera sua confiança na conduta do ex-governador
Ricardo Coutinho e dos demais investigados e investigadas, na certeza de que
uma apuração isenta e justa resultará no pleno esclarecimento das
denúncias."
COM A PALAVRA, O GOVERNO DA PARAÍBA
Quando a 'Juízo Final' foi deflagrada, o governo da
Paraíba disse por meio de nota: "O Governo do Estado, diante das operações
de buscas e apreensões ocorridas nesta terça-feira (17) nas dependências da
administração estadual, por conta da Operação Calvário, vem esclarecer que
desde o início da atual gestão tem mantido a postura de colaborar com quaisquer
informações ou acesso que a Justiça determinar em seus processos
investigativos."
COM A PALAVRA, A DEFESA DE RICARDO COUTINHO
A reportagem entrou em contato com a defesa do
ex-governador. O espaço está aberto para manifestações.
Fonte: Diário de Pernambuco
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