A ex-presidente Dilma Rousseff voltou ao Congresso, nesta
quarta-feira, pela primeira vez pós impeachment. Ela participou de um ato
contra as privatizações estatais e em defesa da “soberania nacional", que
foi organizado pela oposição do governo de Jair Bolsonaro.
A última vez que Dilma esteve no Congresso foi em 29 de
agosto de 2016, para se defender da acusação de crime de responsabilidade
fiscal. No entanto, ela foi considerada culpada e os parlamentares entenderam
que a então presidente havia cometido irregularidades ao adotar “pedaladas
fiscais”.
Em seu discurso, Dilma criticou "os três principais
pontos do governo" de Jair Bolsonaro (PSL): a “venda picotada” da
Petrobras, o desmonte da política ambiental e o programa Future-se do
Ministério da Educação (MEC). Além disso, a ex-presidente chamou Bolsonaro de
“neofascista para implantar o neoliberalismo”.
“Por que que é ‘neo’? Porque geralmente os partidos
fascistas eram nacionalistas. E esse grupo que está no poder não tem o menor
compromisso com a nação. Portanto, não tem compromisso com sua soberania.
Porque a soberania tem necessariamente de dar respostas à questão nacional, à
questão do seu país, do seu território, de suas riquezas e do seu povo”,
declarou a ex-presidente.
Dilma também chamou atenção para as intenções de
privatização de Jair Bolsonaro, que anunciou estudos para a desestatização de
nove empresas públicas no mês passado. Segundo ela, “não é desestatização coisa
nenhuma, é desnacionalização”.
A principal “preocupação” da petista, neste cenário, é a
Petrobras. Segundo ela, o governo federal apoia uma ideia equivocada de que a
empresa não tem capacidade de sustentar e seria melhor vendê-la aos poucos. “É
horrivel continuar nesse processo de venda picotada”, afirmou Dilma.
Ela ainda citou em seu discurso a crise nacional que
afeta a Amazônia após vários incêndios.“O fundo da Amazônia não foi um presente
para o governo brasileiro e para o Brasil. Foi a contrapartida para uma
política ambiental consequente de redução sistemática do desmatamento e da
projeção que em 2020 nós chegaríamos a uma redução de 80%”, disse. “Ninguém
segura a Amazônia se não tiver um gasto coibindo o desmatamento, coibindo o
garimpo ilegal, a exploração ilegal de mineral, a morte de indígenas, o avanço
em florestas nacionais”, completou.
No fim do discurso, Dilma citou o futuro da educação no
país. Ela acredita que o programa Future-se vai enfraquecer as universidades
federais. “Quando você destrói as universidades públicas, você destrói duas
coisas, porque a forma de destruir também é solerte, é que nem a Petrobras, é
que nem a Floresta Amazônica. Porque ela é solerte? Você cria uma OS SOS e vira
uma forma de operação das empresas aparentemente, ela continua com uma faixa
pública e costuma a ser minada por dois critérios: um critério de atuação
ligados aos interesses das corporações educacionais que vão comprar e ser a
sustenção da OS; e também pelo fato que os critérios se descolam do critérios
do desenvolvimento do país.”
A ex-presidente terminou seu discurso dizendo ter “muita
honra” pelo tempo que passou à frente da Presidência da República.
Fonte: Diário de Pernambuco
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