Por Valdo Cruz
O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, deu sinais
contraditórios no campo de suas propostas na economia logo no início do segundo
turno e afetou o mercado, que vinha apresentando resultados positivos desde o
resultado do primeiro turno.
Analistas de mercado anotaram que o capitão reformado do
Exército indicou uma reforma da Previdência mais tímida do que a do presidente
Temer e que não pretende privatizar a Eletrobras.
Os dois posicionamentos de Bolsonaro apontam na direção
de não abraçar uma agenda tão liberal como a defendida pelo seu
economista-chefe Paulo Guedes, defensor de uma mudança na aposentadoria mais profunda
do que a de Temer e a favor de uma privatização mais abrangente.
Em entrevista ontem, o candidato disse que poderia
defender um aumento na idade mínima de aposentadoria mais gradual, de 60 para
61 anos, enquanto a de Temer fixa em 65 para homens e 62 para mulheres.
E afirmou ser contra privatizar geradoras de energia
elétrica, chegando a dizer que o Brasil não pode permitir que a China, que vem
adquirindo empresas do setor elétrico brasileiro, mande na geração de energia
do país. O governo Temer propôs a privatização da Eletrobras.
Em reação às declarações de Bolsonaro, a Bolsa estava em
queda, com as ações da Eletrobras sofrendo perdas mais significativas. Perto do
fechamento, o índice da Bovespa caía mais de 2,5% e o dólar subia 1,26%,
valendo na casa de R$ 3,758. Nos últimos dias, a Bolsa registrou altas
expressivas e o dólar se desvalorizou.
Apesar da reação negativa, economistas de mercado ainda
dão um voto de confiança ao candidato do PSL, alegando que ele ainda está em
campanha e não pode correr o risco de perder votos para o PT.
Mas as declarações de Bolsonaro indicam que ele pode
reavivar suas posições corporativista e nacionalista, que eram marca de seu
mandato como deputado até se candidatar a presidente e se converter à agenda
liberal. Além de lançar dúvidas sobre o grau de autonomia de Paulo Guedes num
eventual governo de Jair Bolsonaro.