Marina Silva disputará sua
terceira eleição presidencial pelo terceiro partido diferente. Desta vez, ela
não conseguiu fechar nenhuma aliança e corre o risco de ficar com apenas 12
segundos na TV. Mesmo assim, tem demonstrado fôlego para lutar por uma vaga no
segundo turno.
De acordo com o Datafolha, a
ex-senadora mantém 15% das intenções de voto nos cenários sem Lula. Só está
atrás de Jair Bolsonaro, que lidera com 19%. Nas simulações de segundo turno,
as posições se invertem. Marina vence o ex-capitão com folga, por 42% a 32%.
Ela também aparece bem à frente no confronto direto com Ciro Gomes e Geraldo
Alckmin.
A pesquisa animou a turma
que vê a ambientalista como um bote salva-vidas em caso de naufrágio do tucano.
A opção Marina tem simpatia declarada do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, mas também empolga empresários e investidores desiludidos com o
candidato do PSDB.
Na Era FH, Marina usava a
tribuna do Senado para atacar os bancos, criticar as privatizações e pregar o
calote da dívida externa. Ela chegou a votar contra a Lei de Responsabilidade
Fiscal. Em 2010, beijou a cruz do mercado ao concorrer ao Planalto pelo PV.
Para sacramentar a guinada, escalou um empresário como vice e entregou o caixa
de campanha a um ex-presidente do Citibank.
Os dois colaboradores se
afastaram, mas Marina não desistiu da guinada liberal. Agora ela tenta reforçar
suas credenciais com a ajuda de economistas como André Lara Resende e Eduardo
Giannetti da Fonseca.
Apesar do flerte com o andar
de cima, Marina exibe desempenho melhor entre eleitores mais propensos a votar
no PT. Segundo o Datafolha, ela supera Bolsonaro entre os mais pobres (17% a
13%) e menos escolarizados (16% a 11%). No grupo dos mais ricos, despenca para
a quinta posição, com apenas 3%.
Com Lula na cadeia, a
ex-senadora larga na frente na disputa pelo seu espólio político. Mas esta
transferência pode ser barrada durante a campanha, quando o eleitor for
lembrado de seu apoio a Aécio Neves, ao impeachment de Dilma Rousseff e à
prisão do ex-presidente.
Fonte: Folha de São Paulo