O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e
preso pela Operação Lava Jato, criticou a "farsa judiciária" da qual
se diz vítima após ser preso por "corrupção", e exigiu uma eleição
presidencial "democrática", com "todas as forças políticas"
– incluindo a sua – em um artigo de opinião, publicado hoje, pelo jornal
francês Le Monde.
“Enquanto presidente, eu defendi, por todos os meios, a
luta contra a corrupção e não aceito que me atribuam esse tipo de crime pelo
viés de uma farsa judiciária", escreveu Lula, condenado a 12 anos e um mês
de prisão por corrupção e detido desde o início de abril, o que o impede de se
candidatar à presidência nas eleições de outubro.
Estas eleições "serão democráticas apenas se todas
as forças políticas puderem participar delas de forma livre e justa",
defende Lula, apresentando sua candidatura como "uma proposta para que o
Brasil encontre o caminho da inclusão social, do diálogo democrático, da
soberania nacional e do crescimento econômico para a construção de um país mais
justo e solidário".
"Eu sou candidato (...) porque sei que eu posso
fazer de modo que o país retome o caminho da democracia e do desenvolvimento
para nosso povo", garante ele em um longo artigo de opinião, que soa como
um discurso de campanha.
"Eu sou candidato para devolver aos pobres e aos
excluídos sua dignidade, para garantir seus direitos e lhes dar esperança de
uma vida melhor", acrescenta Lula, que destaca o fato de "dominar,
com uma forte margem, as pesquisas de intenções de voto no Brasil".
"Ao curso dos oito anos, durante os quais eu
governei este país, nós tiramos 36 milhões de pessoas da extrema miséria. Nosso
país conheceu um prestígio internacional excepcional", insistiu.
Hoje, "depois do golpe de Estado parlamentar, que
abriu caminho para um programa neoliberal", a taxa de desemprego atinge
13,1 %, contra 4,7 % em dezembro de 2014.
"A pobreza aumentou, a fome voltou a cercar, e as
portas das universidades voltam a se fechar para os filhos da classe
trabalhadora. Os investimentos para pesquisa despencam", e o Brasil
"se tornou um pária da política externa".
"Candidato à presidência, eu prometi, eu lutei e eu
mantive minha promessa para que todos os brasileiros tivessem o direito a três
refeições por dia e não conhecessem a fome que eu conheci quando criança. Não
submeti meu país e suas riquezas naturais aos interesses estrangeiros",
frisou Lula. Fonte: Blog do Magno