Se eleito presidente do Brasil, Ciro Gomes (PDT) promete
revogar duas medidas de um "governo golpista" (teto de gastos e
reforma trabalhista) e "deixar a porta aberta para dialogar com o
PSDB".
E torce para que um eventual segundo turno que conte com
sua presença seja contra Jair Bolsonaro (PSL). "A rigor, gostaria muito de
enfrentá-lo, me parece o candidato menos difícil de ser derrotado",
afirmou o ex-ministro ao ser sabatinado por Folha de S.Paulo, UOL e SBT, em São
Paulo, nesta segunda-feira (21). Para Ciro, o adversário é fascista e tem
propostas "toscas" para o país.
A aliança com o tucanato pode até ser "completamente
disparatosa" do ponto de vista eleitoral, "para ficar numa palavra
moderada", mas é preciso pensar "no dia seguinte às eleições" -e
"ter a porta aberta para dialogar" com o PSDB, disse.
Nome do campo progressista mais bem posicionado nas
pesquisas num cenário em que Lula (PT) não disputa a sucessão de Michel Temer
(MDB), Ciro disse avaliar "o que está em jogo, para quem tem
responsabilidade crescente como aquela que estou sentindo crescer sobre meus
ombros": a governabilidade. Daí pensar no que aconteceria caso ganhasse o
pleito, e isso inclui manter pontes com o PSDB, embora o partido, ao seu ver,
tenha se aliado ao PMDB para dar um "golpe de Estado" (o impeachment
de Dilma Rousseff) "antipobre e antipovo".
Ex-ministro do governo Lula, Ciro criticou o
presidencialismo de coalizão, que chamou de "uma mentira sofisticada que
FHC [PSDB] criou e a qual o PT se submeteu". "O modelo de lotear o
governo com picaretas e o presidente ficar como testa de ferro nesta
ladroeira" é, para o presidenciável, uma fórmula "para o
fracasso".
Seus entrevistadores -os jornalistas Fernando Canzian, da
Folha de S.Paulo, Diogo Pinheiro, chefe de reportagem do UOL, e Carlos
Nascimento, âncora do SBT- apertaram: mas como governar sem força no Congresso?
Ciro disse que a solução é aproveitar os "seis
primeiros meses, que dão poderes imperiais ao presidente", que costuma se
eleger com minoria no Parlamento. Priorizaria, nesse período, as reformas
fiscal (promete taxar mais os ricos e menos os pobres) e política.
"Tenho história, não sou um poeta que chegou agora,
como Bolsonaro, e acha que extremismo resolve problema."
Ciro disse que saberá como "negociar, que não é uma
coisa errada". "Só quem quer ser dono da verdade" acha que não é
possível "negociar no atacado".
Baixar os juros nos bancos, revogar medidas como a
reforma trabalhista... Não estaria Ciro "avançando o sinal" e
correndo o risco de cometer estelionato eleitoral, fazendo promessas que ele
não pode cumprir? "Temo que não consiga entregar" tudo o que gostaria,
disse Ciro, que se comprometeu a fazer o máximo possível para tirar sua agenda
do papel. Sempre negociando. "Não sou candidato a ditador do Brasil,
candidato a ditador do Brasil é o Bolsonaro."
Questionado sobre a reforma da Previdência, cuja votação estagnou
no governo Temer, o pedetista propôs primeiro discutir se realmente há um
déficit previdenciário.
"É possível afirmar que não tem déficit. Fomos
criando puxadinho pra cá, puxadinho pra lá..." Sua tese: se considerarmos
as receitas de contribuições (como patronal, PIS/Pasep, Cofins) e de loterias,
"a soma disso paga a Previdência e sobra um tiquinho".
Já outra reforma coqueluche de Temer que vingou, a
trabalhista, "é uma selvageria", afirmou. "Ela permite que um
patrão descuidado aloque uma senhora grávida, prenha -que é uma maneira da
gente chamar no Nordeste- em ambiente insalubre". O ponto mais grave,
segundo ele, é "o trabalho intermitente". "No dia em que essa
porcaria entregou em vigor", quase 400 mil postos de trabalho foram
destruídos, disse. Com informações da Folhapress.
Fonte: MSN Brasil