Capacidade do petista de
transferir votos e discurso de perseguição serão testados
A formação de um placar no
STF (Supremo Tribunal Federal) contra o habeas corpus de Lula produz um vácuo
nos planos políticos do PT a seis meses das eleições. O cronograma acelerado do
julgamento do ex-presidente pode levá-lo à cadeia no momento em que ainda
parece frágil a construção de um nome alternativo para substituí-lo nas urnas.
A decisão do STF deve tornar
real um cenário dramático que já era projetado pelos petistas —mas muito mais
cedo do que eles imaginavam. Quando elaborou a estratégia de insistir na
candidatura de Lula, a sigla acreditou que contaria com o ex-presidente nas
ruas para consolidar um discurso que poderia ser transferido a um apadrinhado
no último minuto.
Com a posição da suprema
corte, no entanto, o principal líder do PT poderá ser preso ainda sob um
ambiente de indefinição no partido.
A escolha de Fernando Haddad
como sucessor de Lula soa vacilante, por enquanto. Basta lembrar que o
ex-governador baiano Jaques Wagner era o favorito para desempenhar o papel até
que foi alvo de uma operação policial, há cinco semanas.
A saída de cena do
ex-presidente é um baque porque sua capacidade de transferir votos e de
sustentar o discurso de perseguição judicial ainda precisará ser testada nos
longos meses que separam a possível prisão da próxima disputa eleitoral.
O terreno é incerto, pois
esse período será permeado por dúvidas. Por quanto tempo haverá manifestações a
favor de Lula nas ruas? A imagem do petista preso reforçará a fidelidade de seus
eleitores? Ele conseguirá uma liminar para deixar a cadeia? Haddad ganhará peso
eleitoral?
Ainda que o PT repita que
Lula é candidato mesmo atrás das grades, aumentarão as pressões para que o
partido coloque logo em marcha seu plano B. Com o ex-presidente fora do jogo
tão cedo, o partido corre o risco de perder vigor e capital político, chegando
enfraquecido a uma eleição que será decisiva para seu futuro. Fonte: Blog do Magno Martins