Com visual arrojado,
estações aproveitam de forma sustentável o clima da capital baiana.
Uma alternativa de
mobilidade mais eficiente e sustentável é um dos ganhos evidentes que o metrô
levou à população de Salvador desde a sua abertura, em 2014. No entanto, o
impacto visual e estético das estações também impressiona usuários, turistas e
arquitetos. Uma prova disso é a indicação do seu projeto a importantes prêmios
internacionais da área.
Para a implementação da
Linha 2 do Metrô de Salvador, que liga o centro econômico da capital baiana às
regiões do Iguatemi, Rodoviária e Aeroporto, foi contratado o escritório JBMC
Arquitetura e Urbanismo: "O que é bom para outras cidades não é
necessariamente bom para Salvador", diz o arquiteto Emiliano Homrich Neves
da Fontoura, sócio do JBMC e um dos coordenadores do projeto do Metrô de Salvador.
Luz e ventilação
sustentáveis
Das 12 estações da Linha 2,
nove são “típicas”, ou seja, seguem o mesmo modelo: Pernambués, Imbuí, CAB,
Pituaçu, Flamboyant, Tamburugy, Bairro da Paz, Mussurunga e Aeroporto -
prevista para inaugurar em breve, e executada por outro escritório de
arquitetura. As demais (Acesso Norte, Detran e Rodoviária) foram construídas de
outras formas devido a particularidades topográficas existentes ao longo do
trajeto.
"O desafio foi buscar
uma solução que se repetisse nas várias configurações de terreno", afirma
a arquiteta Cecília Pires, da JBMC. No caso de Pernambués, por exemplo, o
espaço exíguo para a estação levou ao uso de pilares pré-moldados em concreto
inclinados, combinando com a curvatura das telhas da cobertura e ocupando menos
a superfície. Nas demais estações, essa característica se repetiu, e acabou
liberando espaço para jardins e para a ciclovia.
Já a cobertura das estações,
feita de telha metálica autoportante, é seccionada em 11 trechos inclinados a
10 graus, possibilitando ventilação e iluminação naturais. "Salvador tem
uma insolação forte e uma luminosidade lindíssima, então tínhamos que
aproveitar isso", afirma Emiliano. Segundo ele, explorar o clima da cidade
como uma solução sustentável para economia de energia foi uma premissa que
guiou todo o projeto.
A integração das estações
com seu entorno foi outro ponto fundamental na Linha 2. Como ela foi projetada
para passar no canteiro da Avenida Paralela, uma das principais da capital baiana,
a chegada dos usuários deveria ser muito bem pensada, atraindo a população ao
sistema com segurança. Assim, as passarelas de acesso se ligam a ambos os lados
da avenida e à ciclovia, funcionando como elementos de conexão urbana segura
para os passageiros.
Colorido vibrante
As estações têm mais de 9
mil m² de área cada uma. São dois pavimentos: a acesso é feito no superior,
onde há o mezanino, enquanto as plataformas ficam no nível da superfície. No
seu interior, fica evidente a ligação do conceito visual do projeto
arquitetônico com o clima quente da cidade e a vibrante cultura local. O
amarelo vivo dos ambientes domina o olhar de quem usa o metrô, em um colorido
que gera empatia e chama a atenção.
Foi necessário um grande
esforço humano para executar essa obra com qualidade. Nos momentos de pico,
havia 40 arquitetos trabalhando internamente no projeto, além de outros cinco
escritórios em paralelo, com mais 40 profissionais envolvidos. O período mais
intenso foi em 2014, quando o metrô foi aberto em fase de testes para a Copa do
Mundo.
Um dos frutos desse trabalho
foi sua indicação a prêmios internacionais de arquitetura. O metrô ganhou
menção honrosa na categoria "Projetos Especiais" do 9º Prêmio AsBEA,
que reconhece os melhores projetos arquitetônicos brasileiros. Além disso, ele
recebeu indicações no World Architecture Festival (WAF) de 2017, entregue em
Berlim, na categoria “Transporte”, e no Mies Crown Hall Americas Prize 2016-17,
realizado em Chicago (EUA).
Por meio desse trabalho
duro, a missão de inserir uma estrutura tão grande e complexa junto à
comunidade é considerada um sucesso. "A integração é a melhor possível. O
metrô já está no dia a dia das pessoas, e não só com o metrô em si, mas também
as intervenções viárias, feitas no alargamento de ruas, de viadutos, nas passarelas
modernas, são de uma qualidade jamais vista em Salvador", afirma o
secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia, Demir Barbosa.
Inaugurado para testes em
2014 e aberto para operação comercial em 2016, o metrô de Salvador já é um dos
maiores sistemas metroviários do país, com 29 km de extensão e transportando
300 mil pessoas por dia, com a previsão de chegar a 500 mil ainda em 2018.
Hoje, as suas duas linhas
contam com 19 estações e cinco terminais de integração com ônibus. O projeto
final prevê 42 km de extensão, 23 estações e dez terminais de ônibus
integrados, contemplando a expansão da Linha 1, de Pirajá até Cajazeiras/Águas
Claras, e da Linha 2, da Estação Aeroporto até Lauro de Freitas. Fonte: G1