Há sempre meia dúzia de
trapezistas e 200 milhões de palhaços
Segundo a definição do
presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao decretar a intervenção federal na
segurança pública do Rio de Janeiro, Michel Temer deu um “salto triplo sem
rede”. Rodrigo Maia soou categórico: “Não dá para errar.” O deputado tem razão.
E a chance de dar errado é enorme. Na verdade, já começou errado. Redigido em
cima do joelho, o decreto de intervenção não foi precedido de planejamento.
Apresentado à imprensa, o general Walter Souza Braga Neto, nomeado interventor,
não tinha o que dizer.
A intervenção tem múltiplas
serventias. E a segurança pública no Rio não é a principal. Ainda que quisesse,
Temer não teria como suplantar décadas de descaso em nos dez meses que lhe
restam de mandato. A medida, oportunista, serve de pretexto para que Temer saia
de fininho do fiasco da Reforma da Previdência. Serve também para que o
presidente entre de mansinho na disputa presidencial, apropriando-se de uma
pauta de combate à bandidagem que ajudou Jair Bolsonaro a escalar índices
superiores nas pesquisas eleitorais.
A metáfora circense de
Rodrigo Maia é boa porque intervenção é mesmo como o trapézio. Os envolvidos
precisam confiar um no outro de olhos fechados. Não é o que se observa em cena.
O próprio presidente da Câmara levou o pé atrás quando foi informado sobre a
novidade, na noite de quinta-feira. De resto, os espetáculos do Gran Circo
Brasil são muito repetitivos: há sempre meia dúzia de trapezistas e 200 milhões
de palhaços. Fonte: Blog do Magno Martins