Esperou-se muito do Palmeiras
em 2017, e o final das contas reservou um “ok” segundo lugar em um Campeonato
Brasileiro de baixíssima competitividade. A expectativa para este ano não é (e
não deveria mesmo ser) menor. A questão é como torcida, diretoria e time
lidarão com ela.
Na temporada passada, o
investimento milionário acabou jogando contra. Se a enorme expectativa teve um
rosto, foi o de Miguel Borja. O consenso era de que o Palmeiras tinha montado
uma seleção para ganhar tudo. Estava obrigado a ganhar. Não só não ganhou nada,
como sofreu três eliminações traumáticas em mata-mata.
O atacante colombiano, um
dos 13 reforços, chegou com a camisa de um dos maiores ídolos do clube (a 12 do
ex-goleiro Marcos), o título de principal jogador do sul-americano do ano
anterior e o peso de R$ 33 milhões em cima dos ombros. Sem conseguir
corresponder, por pouco não saiu na primeira janela.
Como uma equipe tão cara não
joga bem? Gastou-se errado? Pode ser, mas reforços que não encantaram, como o
próprio Borja ou meia venezuelano Alejandro Guerra, ainda podem funcionar.
Além da cobrança gigantesca,
que se misturou a uma soberba inconsciente, muita coisa levou ao insucesso no
Palmeiras de 2017. Algumas lições ficaram escancaradas:
Apostar em um treinador
jovem, de conceitos modernos, e demiti-lo cinco meses mais tarde é atestado de
planejamento ruim. Ao menos em conversas informais, o que se ouve da diretoria
é que Roger Machado terá tempo para trabalhar. Eduardo Baptista não teve.
Outra diferença é que, ao
contrário do que foi feito com Eduardo, que começou o trabalho na Academia de
Futebol em janeiro, Roger já teve contato com o elenco e membros da comissão
técnica na última semana de novembro. Sai na frente.
Para evitar ou sanar
problemas de vestiário (que não foram poucos com Felipe Melo, Cuca, Róger
Guedes e companhia), haverá um fato novo: o agora ex-lateral Zé Roberto terá
cargo na diretoria, uma voz “boleira” e respeitada para fazer o elo entre todas
as partes.
Menos é mais. Desta vez, não
será uma baciada de reforços. A diretoria manteve a base do time e fez
contratações pontuais para posições mais carentes, como as duas laterais e o
meio-de-campo.
Desafio dentro de campo
Ensinamentos do último ano à
parte, o desafio de Roger Machado será grande. O novo técnico herda uma base vice-campeã
brasileira, mas começará do zero a implantar suas ideias de futebol, ainda que
já tenha dito ter gostado de alguns pontos da equipe que fechou a temporada sob
comando interino de Alberto Valentim.
Até a estreia no Campeonato
Paulista (em 18 de janeiro, contra o Santo André, na arena), serão duas semanas
de pré-temporada para um pontapé inicial na tentativa de dar sua cara ao
Palmeiras. O torcedor pode esperar um time que pressiona e gosta da bola.
Pode esperar ainda laterais
menos problemáticas. O destro Marcos Rocha e o canhoto Diogo Barbosa, dois dos
cinco reforços para 2018, vêm de boas temporadas e têm aprovação do treinador.
A maior esperança, no
entanto, é certamente Lucas Lima. O ex-jogador do Santos e da seleção
brasileira dá ao meio-de-campo um enorme salto de qualidade, provavelmente com
Moisés (hoje dono da camisa 10) mais recuado, como segundo volante. Só que,
como o último ano mostrou, a receita não é simples assim. Fonte:GE