Duas
pesquisas publicadas na 'Nature' e na 'Science Advances' tentam estratégias
inovadoras para o tratamento da doença neurodegenerativa; entenda.
Em
cura, a doença de Alzheimer ainda intriga a ciência, apesar de ser a condição
neurodegenerativa mais comum. Com isso, cientistas buscam alternativas de
tratamentos que possam dar maior qualidade de vida aos pacientes e duas delas foi
publicadas em duas revistas científicas de peso essa semana: na
"Nature" e na "Science Advances".
Em
uma das primeiras estratégias, publicada na "Nature", cientistas
alteraram o metabolismo de células para impedir a formação de uma camada de
proteína, chamada de beta-amiloide.
Estudos
anteriores demonstram que essa proteína está aumentada em pacientes com a
doença: localizada ao redor de células nervosas, ela impede que neurônios
transmitam informações -- o que é um gatilho para sintomas característicos da
doença, como falhas na memória.
Para
impedir a produção da proteína, cientistas usaram cobaias para fazer
modificações nas mitocôndrias, estrutura central para a produção de energia
para o corpo. Eles descobriram que, ao fortalecer a defesa das mitocôndrias por
meio da ativação de uma proteína chamada UPRmt, elas se tornaram capazes de
diminuir a formação das placas.
Resumo
das estratégias
1
- No estudo da 'Nature', cientistas alterou o metabolismo de células para
diminuir a formação de placas que impedem a comunicação entre neurônios
2
- No estudo da 'Science Advances', pesquisadores acreditam que transplante de
células geneticamente modificadas pode ser um dos caminhos. O tratamento deve
ser feito diretamente no cérebro, no entanto.
A ciência
já conhecia que mitocôndrias são disfuncionais em pacientes com Alzheimer, mas
não se sabia exatamente qual caminho poderia ser trilhado para que elas fossem
utilizadas no tratamento da doença.
Pesquisadores
utilizaram duas substâncias (um antibiótico especial e um tipo de vitamina --
"a NR") capazes de "ligar" a proteína em cobaias com a
doença. Eles observaram que, naquelas tratadas, a espessura da placa foi
significativamente reduzida em comparação às cobaias que não receberam a droga.
O
próximo passo agora é o desenvolvimento de estudos clínicos capazes de
demonstrar a eficácia das drogas em seres humanos, bem como a segurança da
terapia em longo prazo.
Tratamento
com terapia genética
Outra
estratégia para o tratamento da doença é o uso da terapia genética -- quando
cientistas tentam curar ou diminuir sintomas da condição por meio da alteração
de genes. A ideia do estudo publicado na "Science Advances" é que
seja feito um transplante de células modificadas nesses pacientes.
As
modificações seriam feitas em células do sistema imunológico; que, grosso modo,
se tornariam mais "fortes" para enfrentar a doença.
A
principal contribuição da pesquisa, no entanto, é a técnica utilizada para
isso; normalmente, células seriam transplantadas para o paciente por meio da
corrente sanguínea. O problema com isso é que muitas delas não conseguem chegar
até o cérebro.
Cientistas
sugeriram, então, que se utilizem ventrículos cerebrais para o transplante.
Essas estruturas permitem a conexão entre várias regiões do cérebro. Fonte: G1