A política em Belo Jardim degenerou a tal ponto que ficou
criada a seguinte situação: os candidatos, herdeiros do poder, desceram dos
palanques, esqueceram a cidade e foram à vida pessoal. Um acusa o outro de
dever milhões a agiotas, e o outro apresenta uma carrada de processos do um. A
ética na política local foi às favas, o que importa para um é que o outro não
chegue à botija da Siqueira Campos, e vice e versa.
É carro de som gritando de lado e de outro, DVD, folhetos,
filmagens, pesquisas, fotos, enfim; tudo que for lícito e ilícito está valendo.
O problema é que em Belo Jardim temos dois tipos de
problemas; esse deles, dos que brigam pelo poder, e os dos Ninguéns.
Enquanto eles se agridem e se humilham publicamente, os
Ninguéns segue seu mísero sonho de sair da pobreza, do silencio, do desemprego
e do esquecimento a que foram relegados alhures.
Poucas vezes a degradação que criaram na política daqui
ficou tão clara quanto agora. E quanto pior pra eles, pior ainda mais para os
Ninguéns.
Somos os Ninguéns que não faz política, só segura as
bandeiras no sol e na chuva.
Que não têm história nem passado, muito menos futuro, quem
sabe tem 1 minuto, em um dia, em quatro anos.
Que não têm nome nem família, e sem nome e sem família não
pode ser secretário de governo, no máximo, contratado.
Que não tem voz, e se tem
não pode falar, e é obrigado a ouvir quem não sabe falar.
Somos os Ninguéns que vive de pedir favores a quem nos deve
satisfação. Que não tem emprego, vive de fazer bicos. Que espera o salvador
dessa terra, mas já sabe, antecipadamente, que ele o trairá novamente.
Que não é notado, ao menos que incomode.
Aqui temos problemas de dois tipos; os deles, e que resolvam
pra lá, e os dos Ninguéns, que tomara Deus, resolvam pra cá.
Somos os muitos Ninguéns, e que a partir do dia 3 de julho
continuará a ser Ninguéns, filhos dos Ninguéns e donos de nada.
Texto: Dr. Evandro Mauro.