O prefeito reeleito de Lins,
Edgar de Souza (PSDB), casou-se , mas, ainda assim, a cidade do interior de São
Paulo, não tem o que se convencionou chamar de primeira-dama. Um dos primeiros
prefeitos assumidamente gays do Brasil, Souza casou-se com o empresário
Alexsandro Luciano Trindade, com quem mantinha união estável há 13 anos. A
cerimônia agitou a sociedade local. Até o governador Geraldo Alckmin (PSDB), em
visita ao interior, passou por Lins na véspera para cumprimentar os noivos.
Os noivos entraram
acompanhados pelos pais, familiares, além de pajens e daminhas de honra com as
alianças. O "sim" teve direito a lágrimas e beijo. A juíza de
casamento Aline de Oliveira, expediu a certidão de matrimônio. "Fizemos
questão desse momento para dizer a todos que nos amamos. Corrupção é feio,
lavagem de dinheiro é feio, mas o amor é muito bonito", discursou o
prefeito.
O prefeito estreou na
política aos 20 anos, em 2000, eleito para o primeiro mandato como vereador.
Foram três mandatos consecutivos até 2012, quando foi eleito prefeito. Na
campanha, decidiu assumir que era gay. "Falei no palanque: eu não tenho
que esconder com quem vivo e quem eu amo. Se esconder não mereço ser prefeito
de vocês." Ele conta que na campanha foi vítima de ataques homofóbicos.
"Falavam que a prefeitura seria transformada em boate gay, coisas
assim".
Na cidade de 75,1 mil
habitantes, a maioria das pessoas abordadas pela reportagem aprovou o casamento.
" O Edgar é bom administrador", disse Júlio Cesar Batista, o
'Geminho', de 60 anos.
"Gostamos dele como
prefeito", afirmam os estudantes Giovana Verdeli e Alessandro Paulo
Junior, de 17 anos. Para eles, Edgar e Alex têm direito a serem felizes.
"Faz anos que vivem juntos, acho normal que se casem", disse a dona
de casa Maria Luísa Martinho Soares, 64 anos, auxiliar do padre.
O apoio, porém, não é
unânime. "Acho isso uma vergonha. Cada um sabe dos seus atos, mas ele é
prefeito, não deveria ser de forma tão escancarada. Isso prejudica a cidade que
está precisando atrair empregos. Lins perde credibilidade", criticou o
balconista de farmácia Sérgio Luis Santana, de 42 anos. Fonte: Wildes de Brito