O ano de 2016 foi o mais
violento em Pernambuco desde 2009. Estatísticas preliminares da Secretaria de
Defesa Social (SDS) dão conta de que houve 4.380 assassinatos no Estado entre
1º de janeiro e 27 de dezembro do ano passado (os dados relativos ao mês de
dezembro ainda não foram consolidados pela SDS). Se o número for confirmado – a
secretaria fecha o balanço relativo a um mês na primeira quinzena do mês
seguinte –, o aumento será de 12,5% com relação a 2015, que terminou com 3.891
homicídios.
A marca escancara a
necessidade de ajustes no Pacto pela Vida, que registrou sucessivas reduções
nos índices de mortes violentas entre 2007 e 2011, mas que desde 2014
experimenta uma curva ascendente na modalidade.
Indicadores do próprio Pacto
ajudam a entender a gravidade da situação. Para identificar o impacto da
quantidade de mortes ocorridas mensalmente, a SDS as classifica em quatro
grupos: verde (menos de 250), amarelo claro (entre 250 e 280), amarelo escuro (280
e 310), e vermelho (maior que 310). Apenas o mês de fevereiro, que teve 307
homicídios, não ficou na faixa vermelha. Outubro foi o período mais violento,
com 451 assassinatos. Só pode ser superado por dezembro, que, entre os dias 1 e
27, registrou 404 mortes violentas (os dados dos últimos quatro dias daquele
mês ainda não foram computados pela SDS). Na sequência geral de quase dez anos
de estatística da violência, só não perde para janeiro de 2007, quando houve
458 homicídios. Aquele mês foi o primeiro da gestão do então governador Eduardo
Campos, que apenas em maio implementaria o programa.
Troca de comando na SDS
Os números de 2016 poderiam
ter sido diferentes. Logo no início do ano, e depois de um 2015 conturbado na
área de segurança pública, o governador Paulo Câmara trocou os comandos das
Polícias Civil e Militar. No dia 2 de janeiro assumiram, respectivamente, o
coronel Carlos D’Albuquerque e o delegado Antônio Barros.
Não houve a esperada reação
e o governo então resolveu mudar o comando da SDS. Em outubro passado foi a vez
do então secretário Alessandro Carvalho ser afastado, entrando em cena o
carioca Ângelo Fernandes Gioia, delegado da Polícia Federal como Alessandro e
com uma breve passagem pela superitendência da corporação no Recife, em 2007.
Carvalho passou dois anos e dez meses à frente da Secretaria de Defesa Social,
entre dezembro de 2013 e outubro.
Uma das primeiras medidas de
Gioia foi a criação, no âmbito da Polícia Civil, de oito equipes especializadas
na investigação de homicídios. “Muitas dessas mortes ocorrem por vingança, ou
por grupos de extermínio, o que aumenta consideravalmente as estatísticas.
Localizar e prender essas pessoas é um dos principais passos para reduzir os
índices de assassinato”, declarou Gioia, à época, ao JC.
Por meio da assessoria de
imprensa, o secretário Ângelo Gioia afirmou que, até o final da semana, se
pronunciará sobre os números de homicídios ocorridos em Pernambuco em 2016. Fonte: JC Online