As constantes investidas contra
bancos e a presença das Forças Armadas nas ruas do Grande Recife fazem parte do
cenário que tem deixado a população de Pernambuco apreensiva. Nesta terça-feira
(20), o governador Paulo Câmara admitiu a complexidade da situação. “É muito
grave isso que acontece em Pernambuco, eu reconheço isso”, declarou,
referindo-se à crescente atuação criminosa no estado e à presença dos militares
nas ruas da Região Metropolitana do Recife (RMR).
Durante a entrevista,
concedida na inauguração do Centro de Triagem Tangara (Cetas), da Agência
Estadual do Meio Ambiente (CPRH), o governador ressaltou a necessidade da
presença do Exército nas ruas, apesar de não ser a situação ideal. “A presença
das Forças Armadas não é uma situação que a gente gostaria de ter, o ideal é
que a polícia pudesse fazer toda a segurança do nosso estado. Infelizmente
estamos com alguns impasses”, disse.
Com militares nas ruas do
Grande Recife desde o dia 9 de dezembro, a operação Leão do Norte foi
prorrogada até o dia 3 de janeiro, após decisão do Governo Federal. Em dez
dias, o Exército realizou mais de 2,8 mil autuações em todo o estado.
Apesar do quadro de
violência em Pernambuco, Câmara mencionou que a situação é semelhante em outros
estados do Nordeste e do país. “Isso [o aumento da violência] está acontecendo
em todos os estados, são quadrilhas profissionais, muitas atuam em vários
estados brasileiros. Por isso a gente está conversando com os estados vizinhos,
principalmente para a fazermos ações de inteligência conjunta”, pontuou.
O governador de Pernambuco
ainda criticou a falta de controle da entrada de armas e drogas no país,
relacionando a segurança das fronteiras com o aumento da violência nos estados.
"Infelizmente, no Brasil, as armas entram com a maior facilidade do mundo.
Não tem controle, as fronteiras são abertas, então isso tudo é motivo de
preocupação. Se tivesséssemos um rigor maior na venda de explosivos, um
controle maior das nossas fronteiras em relação a armas e a drogas, a situação
da segurança do nosso país e do nosso estado seria outra".
Negociações
Além das ações em parceria
com outros estados, Câmara também explicou que o estado tem trabalhado para
resolver pendências com a Polícia Militar, que se encontra em operação padrão
devido a impasses em negociações salariais. “A disposição do governo é
negociar, mas é preciso sentar na mesa com os comandos. Nós temos uma
organização policial que tem hierarquia e isso precisa ser respeitado. As
associações não podem conversar com o governo da forma que elas querem, é
preciso conversar respeitando as hierarquias”, disse. Ainda segundo Câmara, os
comandos têm carta branca para levar propostas de negociação ao governo. Fonte: G1