Por falta de atendimento
especializado na cidade onde mora, uma adolescente de 17 anos vendeu um
aparelho de DVD por R$ 20 para custear uma viagem para o tratamento da filha,
que tem microcefalia. Elas moram na zona rural de Belo Jardim, no Agreste de
Pernambuco, e a bebê de quatro meses começou a ser atendida na Unidade
Pernambucana de Atenção Especializada (UPAE) de Caruaru, também no Agreste. O
tratamento deve ser feito toda semana e inclui sessões de fisioterapia e
fonoaudiologia.
Apesar de ser localizada na
mesma região, a distância de aproximadamente 54 quilômetros entre o município
onde residem e onde a criança é atendida pesa no orçamento da família.
"Seria melhor se tivesse [o tratamento] em Belo Jardim. Porque nem todo
mundo tem condições de vir para Caruaru. Ela mesmo já teve que vir várias vezes
e eu já tive que vende coisa de dentro de casa para poder vir", relatou ao
G1 a dona de casa Sandra Maria da Silva, 32 anos. Ela é avó da bebê.
A família da dona de casa é
sustentada com Bolsa Família e pensões que o pai de três das quatro filhas
paga. "Tem o cartão bolsa família, e o pai das minhas outras três meninas
paga pensão. Aí eu junto tudo. E os tios dela ajudam com leite, ajudam com
fralda. A gente vai se virando desse jeito", detalhou.
Quando tem que vir, eu digo
a ela: 'ou você vende alguma coisa ou eu vendo alguma coisa"
Sandra Maria, avó de criança
com microcefalia
Sandra conta que a
prefeitura não disponibiliza um meio de transporte para o responsável da
criança que tem microcefalia. "A primeira vez [que ela veio], eu arrumei o
dinheiro. Na segunda vez, ela teve que vender um aparelho de DVD para poder vir
porque o marido tá desempregado há um ano e oito meses", desabafou. Ele
também mora na casa com a filha e a adolescente.
"Aí as condições [são]
muito poucas. Quando tem que vir, eu digo a ela: 'ou você vende alguma coisa ou
eu vendo alguma coisa'. Para poder vir", disse a dona de casa.
O laudo da criança sobre a
malformação já foi disponibilizado pelo hospital. Agora, a luta também é para
conseguir o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que ajudará nos custos.
"A gente foi no INSS, mas marcaram o agendamento para maio, ainda".
O benefício é concedido pelo
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) aos portadores de alguns tipos de
deficiência, entre eles a microcefalia. O valor mensal corresponde a um salário
mínimo, que hoje vale R$ 880.
Fonte: G1.
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