O governo de Pernambuco solicitou apoio ao Comando
Militar do Nordeste (CMNE) para intensificar as ações de isolamento social,
devido ao crescente número de casos de Covid-19. O secretário
estadual de Saúde, André Longo, disse, nesta segunda (4), que a atitude foi
adotada devido à falta de resposta do Ministério da Saúde (MS) sobre a
possibilidade de um "lockdown", que é o bloqueio total para enfrentar
a pandemia.
O pronunciamento do secretário foi feito durante coletiva
de imprensa transmitida pela internet. André Longo disse, ainda, que o próximo
passo a ser adotado pelo estado é um decreto de utilização obrigatória de
máscaras pela população em geral, ao sair nas ruas. Antes, havia apenas uma
recomendação.
"Nós não vamos ficar dependentes da posição do
governo federal. O governador Paulo Câmara (PSB) enviou para o Comando Militar
do Nordeste um ofício solicitando apoio. Também foi feito um documento para o
presidente da Caixa Econômica Federal para que a gente possa ter uma atuação
harmônica, cada um cumprindo um papel em relação às filas, porque é
praticamente impossível que a gente entre numa quarentena com tanta gente nas
filas", declarou o secretário.
O secretário de Saúde disse, ainda, que a falta de
unidade nas informações repassadas por estados e municípios e pelo Ministério
da Saúde e pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, (sem partido)
prejudicam o combate à pandemia. No fim de semana, o presidente voltou
a apoiar manifestações antidemocráticas e inconstitucionais.
"Não recebemos resposta do pedido de apoio feito ao
ministério para a intensificação de medidas de isolamento e distanciamento
social aqui no estado. Nós fizemos questão de fazer esse pedido para que houvesse
uma manifestação pública, por parte do ministério, reconhecendo as dificuldades
de Pernambuco, para que a gente possa ter uma voz uníssona no campo da saúde
pública, já que a gente sabe que isso é impossível no campo da liderança da
presidência da República", disse Longo.
O G1 questionou o Comando Militar do Nordeste e
o Ministério da Saúde sobre os pedidos do governo de Pernambuco, mas, até a
última atualização desta reportagem, não obteve resposta.
Máscaras
Sobre o uso de máscaras, que já é obrigatório
para profissionais dos serviços essenciais desde 17 de abril, o
governo, agora, estuda formas de adotar medidas repressivas para a população em
geral que precisar sair de casa e o fizer sem a devida proteção.
"Primeiramente, fizemos um decreto que recomendava o
uso de máscaras, buscando ser educativo. Hoje, poderia dizer que temos uma
minoria de pessoas que não estão usando máscaras. É uma mudança de cultura. O
próximo passo é fazer a obrigação do uso de máscaras para as pessoas que estão
saindo de casa e para acesso a locais fechados. Estamos avaliando o dia em que
isso vai ocorrer", explicou o secretário.
Isolamento
O secretário de Saúde do Recife, Jaílson Correia, disse
que medidas mais duras para o isolamento social são necessárias justamente por
causa das diferentes informações passadas pelas esferas do poder. Ele disse que
houve uma diminuição expressiva nos índices de pessoas que saíram de casa.
"Chegamos a ter, em março, taxas de até 70% de
isolamento. Infelizmente, por causa da falta de unidade nacional no sentido de
colocar claramente para a população a necessidade dessa intervenção, essa
adesão e a curva de isolamento chegou a preocupantes 46%, no último dia útil da
semana passada. Não temos outra saída, que não seja aumentar esse isolamento
social", disse Jaílson.
Coronavírus em Pernambuco
Mais 220
casos do novo coronavírus e 39 mortes de pacientes com Covid-19 foram
confirmados em Pernambuco, nesta segunda-feira (4). Com isso, o estado chegou a
8.863 pacientes com a doença e 691 óbitos, segundo a Secretaria Estadual de
Saúde (SES). Fonte: G1
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