Por Heron Cid*
Impressiona que, na tresloucada luta política vigente,
nem neste momento de grave crise nacional há trégua.
Qualquer nação em quadras desafiadoras de sua história
tem a capacidade de juntar cacos e unificar-se em nome do inimigo maior.
Nessa pandemia, só deveria haver um; o vírus e, óbvio,
suas desastrosas consequências para a estrutura de saúde e o tecido econômico.
Nada do que já está nos abatendo, e provavelmente do que
virá, vem sendo suficiente para serenar ânimos, baixar temperaturas, desinflar
egos e estabelecer o mínimo consenso nacional.
Imagine numa guerra um povo sendo atacado por um inimigo
invisível. Em vez de se aliarem todos internamente contra o adversário externo,
este povo briga entre si, fala diversas línguas, se agride mutuamente, o que
acontecerá?
Presas fáceis, desagregadas, sem rumo, tendem a sucumbir.
Nessa e em outras batalhas, só temos alguma chance de
vitória se voltarmos a conjugar o nós. O “nós” contra “eles”, indo e vindo, é
improdutivo, histérico e arrogante e só tem servido para a imbecilização
generalizada.
Por mais que esteja cada vez mais difícil argumentar e
entender, nunca é demais lembrar e até desenhar, se preciso: vírus não tem
ideologia. E a vida não tem partido.
Com todas as diferenças de credo, cor, raça, opinião,
quando voltaremos a ser um só Brasil?
*Jornalista
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