Folha de São Paulo
Em mais uma crítica às ações de isolamento social tomadas
por governadores, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, hoje, que
a sociedade brasileira "não aguenta ficar dois, três meses parada".
"Vai quebrar tudo", declarou o presidente a um
grupo de apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília.
"Vocês sabem do meu posicionamento: não pode fechar
dessa maneira, e atrás disso vem desemprego em massa, miséria, fome, vem
violência", disse Bolsonaro, ao ser interpelado por um simpatizante que se
queixou de medidas do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que
determinou o fechamento de comércios e a suspensão de aulas.
"Esse vírus é igual a uma chuva. Vai molhar 70% de
vocês. Isso ninguém contesta. Toda a nação vai ficar livre da pandemia depois
que 70% for infectado e conseguir os anticorpos. Desses 70%, uma pequena parte,
os idosos e quem têm problema de saúde, vai ter problema sério e vai passar por
isso também”.
"O que estão fazendo [com o isolamento social] é
adiar [a transmissão do Covid-19] para ter espaço nos hospitais. Mas tem um
detalhe: a sociedade não aguenta ficar dois, três meses parada. Vai quebrar
tudo", afirmou Bolsonaro.
Um dia antes, Bolsonaro reconheceu que ainda não tem
apoio popular suficiente para determinar uma reabertura da atividade comercial
no país.
Em entrevista à rádio Jovem Pan, ele disse que pode tomar
uma decisão por meio de um projeto, mas que precisa estar amparado por um apoio
maior da sociedade.
"Eu estou esperando o povo pedir mais, porque o que
eu tenho de base de apoio são alguns parlamentares. Tudo bem, não é maioria,
mas tenho o povo do nosso lado. Eu só posso tomar certas decisões com o povo
estando comigo", afirmou.
“Para abrir comércio, eu posso abrir em uma canetada.
Enquanto o Supremo e o Legislativo não suspenderem os efeitos do meu decreto, o
comércio vai ser aberto. É assim que funciona, na base da lei."
O presidente defendeu que, a partir da próxima
segunda-feira (6), estados e municípios determinem uma reabertura gradual da
atividade comercial, evitando um aumento no desemprego.
Ele ressaltou que já tem pronto em sua mesa um modelo de
proposta para determinar que os estabelecimentos comerciais sejam considerados
uma atividade essencial durante a pandemia do coronavírus.
“Eu tenho um projeto de decreto pronto na minha frente
para ser assinado, se preciso for, considerando atividade essencial toda aquela
exercida pelo homem e pela mulher através da qual seja indispensável para levar
o pão para a casa todo dia”, disse.
0 Comentários