Uma missionária americana optou por permanecer no Haiti,
mesmo durante a pandemia global de coronavírus,
apesar do país ser rotulado como o “pior” lugar do mundo para estar durante o
surto.
Lindsay Anderson está na organização cristã sem fins
lucrativos ‘HSMS’, no Haiti e decidiu ignorar os pedidos da Embaixada dos EUA
para deixar o país imediatamente. Ela afirmou que confia em Deus e continua com
seu trabalho missionário.
"A maioria dos americanos saiu para estar melhor
nos Estados
Unidos com o potencial do coronavírus", escreveu ela em um post
no Facebook na quinta-feira. “Dana pegou o último vôo também. A Embaixada dos
EUA aconselhou a sair, a menos que você esteja pronto para permanecer no Haiti
indefinidamente…. Eu escolhi ficar”.
Cirurgião sequestrado
Um dos motivos da preocupação da Embaixada dos EUA inclui
sequestros que aumentaram nas últimas semanas. Na semana passada, o diretor de
um hospital importante do Haiti foi sequestrado. Isso é preocupante, mas a
resposta da equipe do hospital foi reveladora, segundo informou o jornal ‘US
News and World Report’:
“O diretor de um dos principais hospitais do Haiti foi
sequestrado na sexta-feira, levando a equipe a se recusar a receber novos
pacientes em protesto, enquanto o país empobrecido enfrenta um surto do novo
coronavírus em meio a um aumento na violência de gangues”.
Com os sequestros, os funcionários do hospital sendo
extremamente necessários e uma sociedade quase impossível de se distanciar
socialmente, a pobreza incapacitante já existente, tudo isso contribui para uma
receita perigosa para quem pode acabar tendo que combater o coronavírus.
Por que Lindsay ficou?
Depois de explicar as restrições em vigor - as escolas
são fechadas, as reuniões de mais de 10 pessoas são restritas e há um toque de
recolher às 20h - o povo haitiano está preparado para situações como essa.
"Boas notícias: por causa do surto de cólera de
2010, os haitianos são muito versados na lavagem das mãos com água sanitária,
então há baldes do produto em todas as portas das lojas", disse ela. “Fora
isso, nós estamos bastante normais no dia-a-dia. As ruas ainda estão cheias. Os
mercados ainda estão vendendo. Ainda não há escassez de suprimentos, o que é
bom, porque essa foi a minha maior preocupação por aqui, pois a escassez no
outono passado irritou as pessoas e causou muito sofrimento. ”
Os haitianos são testados em batalhas depois de
terremotos e furacões devastadores na memória recente. Um vírus é preocupante,
mas ainda não há pânico.
"Estou feliz por estar aqui. Não há medo como parece
estar nos Estados Unidos. Estamos acostumados a coisas malucas que estão
surgindo assim e estamos apenas levando isso dia a dia, como a maioria dos
haitianos”, acrescentou.
Anderson destacou que, se o vírus acabar atingindo com
força, pode haver alguns problemas potencialmente graves, já que "o
distanciamento social no Haiti é impossível".
"Eu estava aqui quando duas outras doenças surgiram:
cólera, chikungunya, olhos rosados e sarampo e elas passaram como a vida
continua", acrescentou.
Quanto à sua fé, Anderson acrescentou alguma perspectiva
em meio à incerteza.
"Deus está no controle", declarou ela. “Tivemos
uma conversa interessante na outra noite no estudo bíblico sobre NÃO
necessariamente orar para que o coronavírus parasse, mas sim orar para que
escutássemos e aprendêssemos com o que Deus poderia estar nos ensinando.
Orações de misericórdia podem ser ouvidas, mas a lição do julgamento e o fogo
podem ser mais importantes do que poupar-nos do sofrimento. O coronavírus
certamente está revelando muito sobre nossa fé. ”
Ela concluiu com alguns comentários instigantes sobre
grande parte do pânico e medo que é visto em todo o mundo, até mesmo dos
cristãos.
“Vejo e ouço muito medo no mundo e acho que muitos se
afastaram de sua certeza de quem está assentado no Trono e quem contou o número
de nossos dias. A vida após o nosso dia de salvação é vivida para ELE e, se
chegar o dia de dizer adeus a este mundo, ouviremos um 'bem-vindo ao céu'. É
uma vitória. Por que nos apegamos tão fortemente a esta vida, a menos que
tenhamos medo ou falta de certeza do que vem depois do nosso último suspiro?”,
questionou. Fonte: Guiame
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