O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), expulso na
última semana do PSL, o partido do presidente Jair Bolsonaro, criticou o que
chamou de "ditadura bolsonariana" na noite de segunda-feira, 19, em
entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Segundo Frota, que apoiou o
presidente durante a disputa eleitoral, não existe abertura ao diálogo e nem
espaço para quem pensa diferente.
"Bolsonaro quer fazer as coisas do jeito dele, ouve
muito pouco aqueles que querem se posicionar. E a gente tem que procurar um
diálogo, ele não está aberto a isso, ele está aberto só para determinadas
pessoas que ele acha que fazem parte do mundo dele" afirmou, citando que o
presidente ouve o filho Carlos Bolsonaro vereador no Rio, o filósofo Olavo de
Carvalho e o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais,
Filipe Martins.
Segundo ele, o comportamento de apoiadores do presidente
nas redes sociais configuraria uma "ditadura". "Você não pode
falar nada, não pode criticar, não pode opinar, que você é expulso. Haja vista
o que passou o Santos Cruz, o (Gustavo) Bebianno (ministros demitidos). Todo
mundo que esbarra em alguma coisa, que cria uma divergência, que dá uma opinião
contrária, se torna a ovelha negra. Não pode falar nada. Eu acho isso uma ditadura
bolsonariana, não existe diálogo, não existe uma democracia ali".
Questionado se não foi possível perceber isso durante a
campanha Frota negou e disse que o presidente mudou. "É uma outra pessoa.
Era aberto, comunicativo. Vejo ele tomando atitudes e interferindo no Coaf, na
Receita, na PF. Se algo não o agrada, ele muda", afirmou. "Pelo menos
comigo e com algumas pessoas que você conversa, elas têm esse mesmo
entendimento da maneira como ele se comporta, com determinadas ações, coisas
combinadas que se perderam no meio do caminho", afirmou.
Expulsão do PSL e filiação ao PSDB
O deputado federal foi expulso do PSL na terça-feira, 13
e, três dias depois, se filiou ao PSDB, com apoio do governador de São Paulo,
João Doria. Em relação à saída do partido, disse que é necessário respeitas as
legendas, "mas não se tornar um fantoche do partido".
Sobre o novo partido, disse que não retira nenhuma das
críticas que fez no passado, mas que agora é outro momento. "Estou
começando agora dentro desse partido, um partido renovado, a convite do João
Doria e do Bruno Araújo (presidente do PSDB). Acho que vou ter mais
independência, mais liberdade", disse.
Equilíbrio
O deputado defendeu a abertura de diálogo e o equilíbrio
na relação com a oposição. "Se eu colocar fogo de um lado e o Paulo
Pimenta (líder do PT na Câmara dos Deputados) colocar fogo do outro lado, as
coisas não andam. Quando tiver que bater eu vou bater, mas quando tiver que
trabalhar em cima de um equilíbrio, eu vou fazer isso".
Fonte: DP
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