Com críticas ao candidato oposicionista Alberto
Fernández, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (21) que ainda
acredita em uma recuperação do atual presidente, Maurício Macri, e pediu ajuda
ao setor empresarial.
Na abertura do Congresso Aço Brasil, ele fez um apelo
para que o empresariado brasileiro não permita que a "velha esquerda"
retorne ao poder na Argentina e lembrou que Fernández defende mudanças no
acordo entre Mercosul e União Europeia.
"Eu acredito que pode ser revertida essa questão na
Argentina. E todos os senhores aqui, que puderem colaborar, eu peço que
colaborem neste assunto. Não estamos apoiando o Macri. Só queremos que aquela
velha esquerda não volte ao poder. E, se o caminho for apoiar o Macri, que seja
o apoio ao Macri", ressaltou.
Bolsonaro voltou a dizer que, caso a chapa oposicionista
vença a eleição presidencial, a Argentina pode se tornar uma Venezuela e o
Brasil pode passar a receber refugiados argentinos na fronteira com o Rio
Grande do Sul. "Eu quero argentino no país como turista e não como
refugiado", disse.
No final de semana, Fernández disse que, caso seja
eleito, buscará estabilizar a relação da Argentina com o Brasil e disse que não
pensa em fechar a economia argentina para o país vizinho.
"Para mim, o Mercosul é uma questão central, e o
Brasil é nosso principal parceiro econômico e vai seguir sendo. Se Bolsonaro
pensa que vou fechar a economia e que, por isso, o Brasil terá de ir embora do
Mercosul, que fique tranquilo. Não penso fazer isso. É uma discussão
tonta", disse.
Na tentativa de melhorar seus percentuais de
popularidade, Macri trocou o ministro da Fazenda, que se comprometeu a
estabilizar a moeda e cumprir a meta fiscal acordada com o FMI (Fundo Monetário
Internacional).
A Argentina teve uma semana de forte queda de sua moeda e
de seus títulos depois do resultado negativo de Macri nas primárias, o que
colocou em risco a sua reeleição.
A votação, considerada como teste para a eleição de
outubro, confirmou como franco favorito o peronista Fernández, da oposição de
centro-esquerda.
A chapa, que tem a ex-mandatária Cristina Kirchner como
vice, venceu com vantagem de 15 pontos as primárias presidenciais no domingo
(11). A eleição ocorre em 27 de outubro.
Caso os números se repitam no pleito de fato, Fernández
seria eleito em primeiro turno -para isso, ele precisa ter mais de 45% dos
votos ou mais de 40% e no mínimo 10 pontos percentuais de vantagem para o
segundo colocado.
As chamadas "paso" (primárias abertas,
simultâneas e obrigatórias) foram criadas em 2009 com a intenção de diminuir o
número de candidaturas que concorriam na eleição. Como neste ano não havia
disputas internas nos partidos para serem resolvidas, as primárias funcionaram
como uma pesquisa de quanto apoio cada candidato tem. Fonte: Diário de Pernambuco
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