O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse nesta
terça-feira, 9, ao Estadão/Broadcast que os policiais também precisam dar a sua
"cota de sacrifício" na reforma da Previdência. "É preciso ter
uma certa maturidade para que a gente chegue a um consenso de que o Brasil está
acima de tudo", disse Eduardo Bolsonaro à reportagem.
Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo, o
governo tenta conter o racha do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, para
evitar abrir uma "porteira" para novas mudanças na votação da reforma
da Previdência na Câmara dos Deputados. Com 22 dos 54 deputados eleitos com a
bandeira da segurança pública, o PSL deve entrar na votação dividido em relação
a regras mais brandas para policiais federais, rodoviários e
legislativos.
Na avaliação de Eduardo Bolsonaro, que é advogado e
policial federal, o PSL deve demonstrar "coesão e unidade" na votação
da matéria no plenário da Câmara, mas o parlamentar observou que não tem como
controlar o posicionamento dos colegas de bancada. "Ninguém acorda
querendo fazer uma reforma. Ninguém bate na porta do governo para trabalhar
mais três, quatro, cinco anos. Mas ou o Brasil faz isso, ou daqui a pouco a
gente vai chegar numa situação igual à da Grécia", afirmou o deputado.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
Aprovar uma reforma da Previdência sem os Estados não é
ruim?
Olha, se você pensar economicamente, o ideal, a utopia
seria que Estados e municípios estivessem favoráveis, agora é inadmissível que
governadores, principalmente do Nordeste, que são de esquerda, sejam críticos
da reforma e depois venham a se beneficiar com ela. Se deixarmos os Estados
para serem tratados nas assembleias legislativas, eu quero ver qual vai ser o
posicionamento desses governadores. Todos nós sabemos que a reforma é
necessária. Ninguém acorda querendo fazer uma reforma. Ninguém bate na porta do
governo para trabalhar mais três, quatro, cinco anos. Mas ou o Brasil faz isso,
ou daqui a pouco a gente vai chegar numa situação igual à da Grécia, onde o
aposentado vai sacar o seu benefício, um salário mínimo que seja e vai ter
metade da sua aposentadoria para pegar. Isso aí é o pior dos cenários.
O PSL pode apresentar destaque ou votar para destaque?
Não está na hora do PSL mostrar...
...coesão e união. É a matéria mais importante desses quatro
anos, né, a esmagadoríssima maioria dos deputados têm a consonância nessa
matéria, de que precisa a aprovação da reforma. Se houver voto contrário, eu
ficaria surpreso. O previsível é que vote em bloco 100%.
O PSL vai conseguir mesmo mostrar coesão e união?
Olha, eu acredito que sim, mas isso daí é uma opção
individual de cada parlamentar. Não tenho como controlar um deputado que aperte
"sim" ou "não" aqui no Plenário.
Quem vota contra o governo deve ser punido?
Isso aí é um assunto para ser debatido internamente, até
porque pode gerar algum tipo de desgaste. Eu prefiro não opinar nessa questão.
Como o senhor vê a questão de suavizar as regras para os
policiais?
É uma negociação muito difícil, né, os policiais - eu
participei de duas reuniões recentemente no governo -, o que eles pedem é: 55
para homens, 52 para mulheres, eles querem uma regra de transição, eles querem
a paridade e a integralidade. Se você aprovar tudo isso, na verdade você está
deixando os policiais de fora da reforma, o que seria injusto com o restante do
País, que está dando a sua cota de sacrifício. O ideal é chegar a um
meio-termo, né, 55 anos é a idade mínima maior de todas as categorias, tá indo
para os policiais. Eu acredito que tem de ser amadurecido para que eles
entendam que a sua cota de sacrifício também tem de ser dada, o pedreiro - que
tem uma expectativa de vida menor que a do policial - vai ter de trabalhar até
65 anos.
O policial também vai ter de ceder?
Sim, é preciso ter uma certa maturidade para que a gente
chegue a um consenso de que o Brasil está acima de tudo.
Apesar do "kit obstrução" da oposição, o senhor
acredita que é possível concluir a votação da reforma na Câmara ainda nesta
semana?
Isso tudo aí vai depender do quanto a oposição vai ter
apetite para fazer obstrução. Eu acho que a votação na comissão especial aquele
(placar de) 36 a 13 no texto-base e a rejeição dos destaques isso aí já deu um
indicativo de que a reforma entra com bastante força no plenário. Tem água para
rolar por baixo dessa ponte, algumas tratativas ainda estão sendo feitas, mas
em princípio é para aprovação, sim.
O senhor acha que dá para aprovar a reforma até sábado na
Câmara?
Eu acho que até sábado sim, porque se sexta-feira não
conseguir vencer a matéria e jogar ela para a semana seguinte, há uma grande
probabilidade de que o quórum seja esvaziado. É normal que os parlamentares já
tenham assumido compromissos, ou nas bases, ou até às vezes internacionalmente.
Se for necessário, eu seria favorável de que houvesse, se não conseguir vencer
até sexta, de que houvesse essa votação no sábado.
Algum palpite para o placar da votação?
Difícil. 308 (número mínimo de votos para a aprovação da
reforma na Câmara) já tá de bom tamanho.
Fonte: Diário de Pernambuco