Em almoço de pouco mais de quarenta minutos com caminhoneiros
em um restaurante de beira de estrada em Anápolis (GO), o presidente Jair
Bolsonaro disse estar "comendo o pão que o diabo amassou", mas que só
muda se cassarem seu mandato. "Eu estou comendo o pão que o diabo amassou.
Não loteamos ministérios, bancos oficiais e estatais. (...) Só muda se alguém
cassar o meu mandato", afirmou o presidente a um caminhoneiro que disse
acreditar que falta boa vontade em Brasília.
Bolsonaro chegou ao restaurante "Presidente - Posto
e Churrascaria" por volta de 12h30 acompanhado do governador de Goiás,
Ronaldo Caiado (DEM), do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas,
do líder do governo na Câmara dos Deputados, Major Vitor Hugo (PSL), e do
porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo de Barros. Pela manhã, o
presidente cumpriu agenda em Goiânia, onde se reuniu com representantes do
governo e participou de um culto na Assembleia de Deus.
Rodeado por cerca de 30 caminhoneiros, Bolsonaro
incentivou o grupo a dar entrada no pedido de porte de arma de fogo, se
comprometeu a acabar com os radares móveis - "para dar uma folga para o
policial rodoviário" - e disse que pretende aumentar a validade da
carteira de motorista para dez anos e passar o limite de pontos para 40. Na
maior parte do almoço, Bolsonaro ficou em silêncio comendo rodízio de carne. A
maioria das perguntas feitas pelos caminhoneiros foi respondida pelo ministro
da Infraestrutura.
Ao entrar no tema "porte de arma de fogo",
Bolsonaro perguntou para um grupo de caminhoneiros que estava sentado à sua
frente na mesa quantos eram favoráveis à medida. Três levantaram a mão em
resposta ao presidente. "No decreto, eu acabei com a comprovação da
efetiva necessidade. Por enquanto, está um pouco caro ainda, mas vamos diminuir
isso aí. Mas já abriu as portas, dá entrada... Tem um tempo de dois ou três
meses para conceder o porte. Eu coloquei lá como profissão de risco
(caminhoneiros). Quanto mais arma, mais segurança. Se tiver arma de fogo, é
para usar", explicou.
Questionado por um caminhoneiro sobre a existência de
algum projeto que permita reduzir o preço do diesel para a categoria, Bolsonaro
respondeu: "O que mais pesa no combustível é o ICMS, que é do Estado. Não
é a gente. Por isso que eu trabalho para privatizar o refino. Quanto mais tiver
concorrência, melhor. Tá ok?".
Depois de ser questionado por um caminhoneiro sobre se há
algum dispositivo na proposta de reforma da Previdência que inclua a categoria,
Bolsonaro teve de consultar o líder do governo na Câmara. "Não,
especificamente, não", disse o deputado Major Vitor Hugo. "Antes dos
65 anos não conseguimos aposentar?", retrucou o caminhoneiro.
"Não", respondeu o presidente.
Almoço de Bolsonaro com caminhoneiros custou R$ 1,7 mil
O almoço, realizado de última hora no Posto Presidente,
custou R$ 1.694,00 e foi pago pela Secretaria de Administração do Presidência
da República. "Foi aleatória (a ida para o restaurante). Foi feito
levantamento de ontem para hoje de onde teria mais caminhões neste horário, eu
estava vindo de Goiânia e paramos aqui para conversar com os
caminhoneiros", explicou o presidente sobre o encontro.
Ao final do encontro, Bolsonaro disse que a conversa foi
"bastante cordial". "Eles têm seus problemas. Passam por nós
muitos deles. E para muitos estamos buscando soluções e, para outros,
buscaremos", contou a jornalistas após o almoço. Questionado sobre os
protestos contra o contingenciamento de verbas na educação realizados pelo País
nesta quinta-feira, 30, disse: "Ah, vamos falar sobre caminhoneiros,
vai..."
Fonte: Diário de Pernambuco