A Câmara dos Deputados
aprovou nesta terça-feira (14/05) a convocação do ministro da Educação, Abraham
Weintraub, para que ele preste esclarecimentos ao plenário nesta quarta (15)
sobre bloqueios no orçamento do setor.
Por se tratar de convocação,
Weintraub é obrigado a comparecer à Câmara, sob pena de incorrer em crime de
responsabilidade na hipótese de ausência "sem justificação adequada",
conforme prevê a Constituição Federal.
O requerimento de convocação
foi aprovado por 307 votos favoráveis e 82 contrários. Weintraub será ouvido em
uma "comissão geral" (sessão de debates no plenário). Ele é o
primeiro ministro do governo Jair Bolsonaro convocado por alguma das casas do
Congresso.
A maioria dos partidos
orientou as bancadas a votarem a favor do requerimento de convocação. Somente
PSL e Novo orientaram contra a convocação.
O líder do governo na
Câmara, deputado Major Vítor Hugo (PSL-GO), argumentou em plenário que o
ministro já iria comparecer nesta quarta-feira a uma audiência pública conjunta
na Câmara, de duas comissões permanentes. Por isso, considerou que a convocação
era desnecessária.
Para a líder do governo no
Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), o ministro é preparado para discutir os
temas. Mas admitiu que não é "nada agradável" para o governo ter um
ministro obrigado a comparecer à Câmara.
"O ministro da Educação
é bastante preparado para falar sobre o assunto. Eu acho que não vai haver
problema nenhum. Claro que não é nada agradável você ter um ministro convocado
em vez de convidado", argumentou.
Em conversa com jornalistas
no fim da tarde desta terça-feira, o porta-voz do presidente Jair Bolsonaro,
Otávio Rêgo Barros, afirmou que o governo vê com "naturalidade" a
convocação do ministro.
"O governo anuncia
entender com naturalidade os fatos que ocorrem no Congresso Nacional e até
entende com naturalidade que a convocação permitirá a possibilidade para que o
ministro da Educação possa explanar para a casa legislativa os temas
relacionados a esse tema da educação", disse Rêgo Barros.
Em entrevista à rádio Jovem
Pan, Weintraub agradeceu a convocação. "Eu quero agradecer ao Congresso
pelo convite, muito importante. Inclusive, esses 307, foi com o voto de muitos
partidos, acho que quase todos os partidos do governo me chamaram. Então, aqui,
o pessoal apoiou, para acabar de vez com essa narrativa falsa que foi criada
por um pessoal que não tem, a oposição tá sem discurso nenhum. Ela não tem o
que justificar porque é um desastre. Os números da educação que a gente tá
vendo são frutos desses 18 anos de mentira atrás de mentira, de falsidade atrás
de falsidade", afirmou.
Medidas provisórias
Em reunião nesta terça-feira
(14), os líderes da maioria dos partidos informaram que não aceitam votar as
medidas provisórias que estão na pauta da Câmara nesta semana.
A pauta do plenário tem seis
MPs. Uma delas, a que amplia a participação estrangeira no setor aéreo, perde a
validade na semana que vem. Está também na pauta a MP da reforma
administrativa, aprovada na semana passada em Comissão Mista, com a mudança do
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da
Economia. Esta MP perde a validade em 3 de junho.
"Já que o governo disse
que tem votos no plenário, ele que bote os votos no Plenário", disse o
líder do PRB, Jhonatan de Jesus (RR), ao informar que o partido não aceitaria
votar medidas provisórias nesta semana.
O líder da oposição,
Alessandro Molon (PSB-RJ), disse que pauta do governo deve ser prejudicada pelo
adiamento.
"Há uma clara maioria
pela não votação de medidas provisórias e para a convocação do ministro. A
pauta do governo nesta semana na Casa vai ficar muito prejudicada especialmente
pela necessidade que a Casa sente de ouvir o ministro da Educação",
declarou.
O líder do governo na
Câmara, deputado Major Vítor Hugo, atribuiu as iniciativas a deputados da
oposição e a grupos “não alinhados com o governo”. Mas disse que teve o apoio
de seis siglas para tentar a votação de MPs ainda esta semana (Pros, PSC,
Cidadania, Novo, Patriotas e PSL).
"Nós temos prazo para
apreciar [as medidas provisórias]. Cada vez que a gente adia, para o Brasil, é
uma preocupação, porque as medidas provisórias, elas tratam de assuntos
extremamente importantes – e de modo particular a 870. Mas nós vamos continuar
com as conversas para que a gente consiga apreciar, senão esta semana, as
medidas provisórias 863 e 866 e, na sequência, chegar à 870 [MP da reforma
administrativa]", declarou o líder.
A líder do governo no
Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP) defendeu a necessidade de diálogo.
"Se não houver a
maturidade política neste momento, para que nós possamos fazer a reconstrução
do nosso país através de um grande acordo, todo mundo vai perder. Ninguém
ganha. Não ganha governo, não ganha Congresso, não ganha povo brasileiro",
afirmou.
Fonte:G1