Por Maria Aparecida Oliveira Pinheiro
Em 1943, através da irmã Rosa Domingos, esposa do irmão
João Domingos, chega o evangelho em Belo Jardim.
JOÃO DOMINGOS E ROSA DOMINGOS
|
A irmã Rosa morava em Caruaru e aceitou a fé cristã. Ela tinha uma comadre que morava em Belo Jardim, Emília Bernardino, esposa de Zé Grande Padeiro. Esse casal era dono de padaria. Eles residiam na Rua Primeiro de Janeiro e a padaria era por trás de sua casa, na Rua Antiga Nova Descoberta
JOSÉ BERNARDINO E EMÍLIA BERNARDINO
Vindo ela (irmã Rosa) a Belo Jardim visitar sua comadre,
falou pra ela que tinha aceitado o evangelho, agora era uma crente, e queria
saber se ela aceitava, ela trazer consigo alguns irmãos para fazer um culto
evangelismo na casa dela. Ela prontamente aceitou. Marcaram a data e no dia
certo ela chegou num caminhão com alguns irmãos nessa caravana estava incluído
um coral que louvaram a deus. A sua comadre já estava esperando com uma grande
recepção, foi uma festa.
A noite houve o culto em frente à casa dela e ela na hora
do convite aceitou a Cristo como único e suficiente salvador de sua vida. A
mesma concedeu a sua residência para ser ponto de pregação que ficava
localizada na Rua Primeiro de Janeiro
Deus honrou aquele ato de fé que sendo a primeira irmã da
Assembléia de Deus a receber a salvação em Cristo, foi também a primeira a
receber o batismo com o Espírito Santo.
Na casa da irmã Emília a congregação permaneceu por
alguns dias. Com o passar dos dias almas foram se rendendo aos pés do Senhor
Jesus a ponto da sala da irmã Emília não poder acomodar bem os irmãos, pois era
muito pequena.
O pastor Hermenegildo Costa vindo também de Caruaru,
resolveu alugar uma casa para realizar os cultos. Encontrando ali na Rua Pedro
Firmino uma casa, logo a alugou. Nessa época a igreja estava sendo composta de
aproximadamente 15 irmãos. Não tendo bancas, trouxeram de Caruaru algumas
bancas pequenas.
No tempo em que a igreja localizava-se na Rua Pedro
Firmino, aceitou o evangelho de Cristo o senhor José Pereira e sua esposa. Este
irmão contribuiu muito para o crescimento da nova igreja.
JOSÉ PEREIRA – CONHECIDO COMO ‘ZÉ GALEGO’ |
1º CONGREGAÇÃO NA RUA PEDRO FIRMINO |
A igreja funcionou alguns anos na Rua Pedro Firmino e foi
de grande aproveitamento o tempo em que à igreja esteve lá.
Os donos do imóvel alugado pediram-no para usá-lo para
outro fim. Talvez por pressão da comunidade católica da época que não aceitava
qualquer vínculo com nenhuma igreja evangélica.
Sendo difícil um aluguel de outro imóvel, pois ninguém
queria alugar para os crentes, decidiu-se que os cultos se realizariam na casa
do irmão José Araçá, esposo da irmã Marcionilia. Na casa desta família a igreja
permaneceu por algum tempo e várias pessoas aceitaram Cristo como Salvador.
Quando se percebeu que a nova igreja precisava de uma localidade própria, surge
daí a idéia de construir um templo.
Desse modo, com o apoio e participação do Pastor
Hermenegildo Costa de Caruaru, os irmãos José Pereira e José Araçá lideraram a
construção do primeiro templo da Assembléia de Deus em Belo Jardim.
O irmão José Pereira, conhecido como Zé Galego, doou o
terreno para a construção do templo e dispôs muito de gerar recursos próprios
para o erguimento da Casa do Senhor, localizada na Rua Nova Descoberta, atual
Rua Joaquim Cordeiro Wanderley.
No dia 05 de outubro de 1947 estava sendo inaugurado o
Templo da Assembléia de Deus. Por este tempo a igreja era filial de Caruaru.
Por esta razão alguns irmãos ainda se batizaram em Caruaru.
Quando a igreja se desfiliou de Caruaru, ficando
diretamente ligada ao Templo Sede em Recife, os batismos passaram a se realizar
no Rio Bambu, ou na própria Barragem do Bitury.
Depois, para tornar mais prático a realização do batismo,
se fez um tanque batismal no próprio templo, ficando até hoje assim.
A ORIGEM DA CAMINHADA DA IGREJA
O processo de formação e firmeza da Assembléia de Deus em
Belo Jardim não foi fácil. Tampouco devemos imaginar que a igreja se alicerçou
e progrediu do dia para a noite. A formação e crescimento da igreja embrionária
desde o início, sempre foi recheada de dificuldade, perseguição e muitas
lágrimas.
As razões para as manifestações opositora da parte dos
católicos em relação à nova igreja eram evidentes: a igreja Assembléia de Deus
centrava sua mensagem na Bíblia Sagrada, deixando de enfocar as antigas
tradições dos antepassados no que diz respeito à fé. Por causa desta posição
firme eram inevitáveis os choques doutrinários entre católicos e evangélicos
A ORIGEM DA CAMINHADA DA IGREJA
O processo de formação e firmeza da Assembléia de Deus em
Belo Jardim não foi fácil. Tampouco devemos imaginar que a igreja se alicerçou
e progrediu do dia para a noite. A formação e crescimento da igreja embrionária
desde o início, sempre foi recheada de dificuldade, perseguição e muitas
lágrimas.
As razões para as manifestações opositora da parte dos
católicos em relação à nova igreja eram evidentes: a igreja Assembléia de Deus
centrava sua mensagem na Bíblia Sagrada, deixando de enfocar as antigas
tradições dos antepassados no que diz respeito à fé. Por causa desta posição
firme eram inevitáveis os choques doutrinários entre católicos e evangélicos.
AS DIFICULDADES E RESISTÊNCIA:
O QUE É SER ASSSEMBLEIANO
Naquela tarde de domingo, do dia 29 de Outubro de 1943,
quando os irmãos da Assembléia de Deus, vindo da cidade de Caruaru, entraram na
cidade de Belo Jardim, cantando o hino “Meu Brasil”, todos em um caminhão duro,
empoeirados, suados e animados, perceberam logo que eram visitantes
indesejáveis.
O prefeito da cidade (Artur Paes que exerceu seu cargo de
1943 a 1947) com sua comitiva não os esperavam. O padre (Saturnino Lopes da
Cunha, que ministrou entre 1937 a 1948) – considerado uma autoridade religiosa
da cidade, também não estava lá. O que se ouvia, ainda que entre murmúrios, de
grupos de pessoas raivosas, em cima de calçadas esboroadas, era a voz da
ironia, era uma tentativa louca em afugentar pra longe de seu espaço aquela
caravana destemida de evangélicos que prosseguia corajosa descendo a ladeira da
Ponte Nova.
A irmã Rosa Domingos conhecia o endereço da senhora
Emília Bernardino, por isso não foi difícil, via centro, chegar à Rua 1º de
Janeiro nº. 12, local de primeiro culto da igreja Assembléia de Deus. A partir
da Rua 1º de Janeiro até algumas ruas próximas, a notícia da chegada dos
crentes correu logo.
Entretanto todos católicos que tomavam conhecimento da
chegada dos crentes evangélicos queriam saber uma coisa: qual seria a “ovelha
desgarrada” que havia permitido a chegada dos crentes em sua casa.
Como sabemos, o culto foi feito em frente á casa da
senhora Emília Bernardino e seu esposo José Bernardino. No final do culto,
apenas uma pessoa aceitou a nova mensagem pregada naquela tarde – a própria
senhora Emilia Bernardino – desde então, irmã Emília ou como posteriormente
ficou conhecida – irmã Mila.
Após uma janta farta, preparada com capricho pela irmã
Emília e parentes, os irmãos retornaram eufóricos para a cidade de Caruaru.
Conforme ficou acertado, voltariam quinze dias depois.
No outro dia, uma segunda-feira, a irmã Emília recebeu em
sua casa a visita de um grupo de senhoras religiosas que vieram conferir os
boatos sobre a nova fé professada por sua vizinha. A irmã Emília não esmoreceu
em sua confissão. Confessou e não negou: A partir daquele dia era uma crente em
Jesus também. Ao ser questionada sobre o fato de ser a única com aquela religião
na família, a irmã também não vacilou:
– Começa por mim, depois pode vir mais. Quem sabe, logo,
vem meu esposo?
Aquelas senhoras, diante da intrepidez da irmã Mila,
saíram silenciosas da casa e nunca mais, nenhuma delas, retornou para uma
visita sequer. Essa atitude das vizinhas deixara a irmã Emília bastante triste.
Alguns laços de amizade fora quebrados por causa de sua fé. Mas ela não se
abalou, permaneceu firme e venceu.
O esposo da irmã Mila, o senhor José Bernardino,
conhecido na cidade por seu Zé Grande – devido a sua altura – tinha uma
padaria. Era um negócio próspero e que permitia à família viver razoavelmente
bem. Por causa de sua nova crença, a irmã Mila soube que algumas pessoas não
eram mais seus clientes, deixando de comprar seus produtos.
Era de se esperar que por causa das perseguições
sofridas, a irmã Mila desistisse da fé evangélica. Mas não foi isso que
aconteceu. Seu esposo vendo as críticas, os boicotes e os desprezos que a amada
sofria, decidiu ser um crente também. No próximo culto, quando os irmãos
retornaram de Caruaru, ele aceitou Cristo como seu salvador. Assim, entre
perseguições e provações, a igreja ia sempre crescendo e em quase todos os
cultos, pessoas aceitavam a fé.
A convicção e profissão em professar a fé evangélica,
abandonar o mundanismo e encarar com firmeza todo tipo de perseguição ia, aos
poucos, caracterizando os crentes assembleianos.
Outro fato que marcava com absoluta precisão os crentes
da Assembléia de Deus era o seu ardor evangelístico, que era um profundo desejo
de repassar para outros as boas novas do evangelho. Neste empenho, organizou-se
um grupo de irmãos para evangelizar um sítio próximo, chamado de Muquém. A
viagem seria em um caminhão, arranjado com dificuldades, pois as pessoas não
queriam alugar seus veículos para os crentes irem suas viagens. O caminhão
postou-se em um local da Rua 1º de Janeiro, e aos poucos os irmãos foram
chegando e subindo em cima. Não demorou muito e alguns gritos foram ouvidos de
longe:
– Fora com os bodes!
Sem qualquer atitude de revanche os crentes permaneceram
calmos, parecendo nada ouvir, subiam em cima do caminhão. De mais perto
ouviu-se assovios:
– Fiiiiiiiiiiii...
Os xingamentos eram encarados como polidores da fé. Quem
estava triste, alegrava-se, quem estava fraco, fortalecia-se, quem estava
desanimado, animava-se, e o forte, inabalável. Por cima do grupo de irmãos que
oravam para seguirem viagem, voou um ovo que espatifou-se nas costas de uma
irmã. Depois veio outro. E mais outro. O dirigente da evangelização apressou-se
e pediu ao motorista que desse a partida no veículo. Esquivando-se de mais ovos
que chegavam atirados por católicos escondidos nalgumas esquinas, os crentes,
cantando, misturados ao ronco estridente do caminhão, seguiram viagem para o sítio
Muquém.
No outro dia, uma segunda-feira, a irmã Emília recebeu em
sua casa a visita de um grupo de senhoras religiosas que vieram conferir os
boatos sobre a nova fé professada por sua vizinha. A irmã Emília não esmoreceu em
sua confissão. Confessou e não negou: A partir daquele dia era uma crente em
Jesus também. Ao ser questionada sobre o fato de ser a única com aquela
religião na família, a irmã também não vacilou:
– Começa por mim, depois pode vir mais. Quem sabe, logo,
vem meu esposo?
Aquelas senhoras, diante da intrepidez da irmã Mila,
saíram silenciosas da casa e nunca mais, nenhuma delas, retornou para uma
visita sequer. Essa atitude das vizinhas deixara a irmã Emília bastante triste.
Alguns laços de amizade fora quebrados por causa de sua fé. Mas ela não se
abalou, permaneceu firme e venceu.
O esposo da irmã Mila, o senhor José Bernardino,
conhecido na cidade por seu Zé Grande – devido a sua altura – tinha uma
padaria. Era um negócio próspero e que permitia à família viver razoavelmente
bem. Por causa de sua nova crença, a irmã Mila soube que algumas pessoas não
eram mais seus clientes, deixando de comprar seus produtos.
Monografia de Maria Aparecida Oliveira Pinheiro