O presidente Jair Bolsonaro afirmou
nesta quarta-feira (17) que, se a Fundação Nacional do Índio (Funai) não fizer o que os
índios querem, cortará "toda a diretoria" do órgão.
Bolsonaro deu a declaração ao receber algumas lideranças
indígenas no Palácio do Planalto. O encontro foi transmitido ao vivo em uma
rede social.
"Assim como o povo brasileiro tem que dizer o que eu
vou fazer como presidente, o povo indígena é que diz o que a Funai vai fazer.
Se não for assim, eu corto toda a diretoria da Funai e botamos gente como vocês
lá dentro para não atrapalhar quem quer o progresso, quem quer o
desenvolvimento, quem quer o bem do Brasil", declarou o presidente.
Vinculada ao Ministério da Justiça até o fim do ano
passado, a Funai passou a ser subordinada
ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no governo
Bolsonaro.
O atual presidente do órgão é o general do Exército Franklimberg
Ribeiro de Freitas, que também participou do encontro de Bolsonaro com as
lideranças indígenas nesta quarta-feira.
'Picaretas'
Em um momento do encontro no Planalto, Bolsonaro ouviu
reclamações de uma liderança indígena yanomami apresentada como Timóteo.
Segundo essa liderança, "todo mundo está
sofrendo" na região porque a Funai, conforme ele, "não observa os
yanomamis, ninguém visita, ninguém dá apoio para esporte ou educação".
"Tudo isso está faltando", acrescentou o índio.
Ao responder, Bolsonaro disse que a reserva yanomami é
"riquíssima" e, por isso, "picaretas" afirmam querer
proteger a região, mas estão interessados na riqueza que há na área.
"A reserva yanomami é riquíssima, por isso que tem
ONG dizendo que está defendendo índio lá. Se fossem umas terras pobres, não
teria ninguém lá defendendo. Ninguém. Como é rica, estão esses picaretas
internacionais, picaretas dentro do Brasil, alguns picaretas dentro do próprio governo
dizendo que protegem vocês", afirmou.
Segundo o presidente, os índios yanomami precisam
explorar a região de forma "racional".
Encontro com ministros
Ainda no encontro do Planalto, a líder indígena
apresentada como Resineia, da Raposa Serra do Sol, também fez algumas
reclamações. Disse, por exemplo, que o Exército e a Funai "machucam os
índios e jogam o ouro" extraído pela população local e, por isso, eles
querem o apoio do governo federal.
Bolsonaro, então, respondeu a ela afirmando que confia na
PF e no Exército. Acrescentou que se reunirá com os ministros Fernando Azevedo
e Silva (Defesa) e Sérgio Moro (Justiça)
nesta semana para discutir o que foi apresentado pelos índios.
"No nosso governo, tenha certeza que isso não vai
acontecer mais. Mas é um alerta. Com toda certeza, isso acontecia anteriormente
porque você está falando a verdade aqui. Isso tem que deixar de existir. Eles
são os donos da terra. Ponto final. Terra demarcada, terra respeitada, sem
problema nenhum", disse Bolsonaro.
O presidente, então, voltou a dizer que os índios
"têm condição de decidir o futuro, ponto final".
Fonte: G1