Durante a
invasão de Napoleão Bonaparte à Península Ibérica, no século 19, Portugal foi
tomado pelas tropas francesas, pois demorou a obedecer ao bloqueio continental
imposto pelo ditador francês.
Durante a invasão
francesa, Dom João VI, então rei de Portugal, fugiu para o Brasil e os
invasores mandaram e desmandaram naquelas terras. A tranquilidade com que eles
se mantinham no poder provocou um dito irônico. A quem perguntasse como iam as
coisas em Portugal, a resposta era a mesma: “Está tudo como d’antes no quartel
d’Abrantes”.
Lá, como cá, fomos
invadidos. Lá, por Napoleão, cá, por famílias que se apossaram do poder e, como
não encontram resistências, mandam e desmandam sempre à revelia do povo. Aos
amigos que moram em outras cidades e estados, quando me perguntam como estar
Belo Jardim, sem medo de cometer excesso, tenho respondido reproduzido o dito
português, só que no plural: “...tudo como antes nos quartéis de Abrantes”. É
que Belo Jardim é uma cidade engraçada por natureza, aqui tudo se move por
acaso, ou, por interesses próprios, ou da Moura. A política daqui é como um
velho jogo de xadrez; mesmo que seja uma nova partida, só vale as velhas
pedras. As “velhas raposas” da política local - que são na verdade néscios, apenas-,
alimentam e fortalecem suas crias até que estejam prontas para assumirem seus
lugares, lugares estes que tomaram como seus por decreto divino.
A recondução do ex
prefeito “coca-cola” à presidência do DEM municipal, some-se aí vários
processos administrativos ao político Marcos, é a maior prova de que tudo que
falei é tão somente a mais pura verdade.
Eu não sei o que
teria acontecido se Dom João VI tivesse resistido à invasão napoleônica, talvez
tudo teria sido diferente por lá, talvez. Eu não sei o que acontecerá se houver
“resistência” aqui, só sei o que acontece quando não há.
Evandro Mauro
(Advogado, psicanalista e psicólogo em formação)