Com a estiagem e o
racionamento, a forma mais barata de conseguir água é carregando panelas e
baldes pelas calçadas. No município de Poção, no Agreste de Pernambuco, mais de
11 mil habitantes não sabem o que é ter água nas torneiras há mais de cinco
anos. Por causa disso, a prefeitura usa carros-pipas para fazer o abastecimento
de caixas de água que foram instaladas na cidade.
Quando chove, a água da
chuva dá uma aliviada na situação. "A gente usa [água] para lavar roupa e
o banheiro, mas muita gente aqui usa para beber. A gente não, eu compro no
caminhão a R$ 10 o tonel", falou a comerciante Maria Josilda de Souza.
Mas comprar água pesa no
orçamento das famílias, até mais do que os baldes de água que o motorista Paulo
Sérgio leva nas costas para casa. "Ultimamente a gente só compra água e
está muito caro, então quando dá uma chuvinha a gente não pode perder a
oportunidade não, tem que estar buscando a água", disse. A esposa dele
aproveita a água da chuva para lavar roupa. "É complicado, é trabalhoso,
cansativo e com dores", afirmou Maria Lucineide de Melo.
"A cidade de Poção é
abastecida com a barragem de Duas Serras, a qual está há cinco anos sem
armazenar água devido ao índice pluviométrico muito baixo da média, por isso
não foi suficiente pra acumular água para que essa água seja captada pela
Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), tratada e distribuída para a
cidade de Poção. Infelizmente Poção ficou pra segunda etapa da Adutora do
Agreste, já têm projetos. A Compesa conseguiu recursos para que seja incluída a
cidade de Poção pra segunda etapa da Adutora do Agreste", falou o gerente
regional da Compesa, Gilvandro Tito.
Outro município do Agreste
de Pernambuco que também vem sofrendo com a falta de água é Belo Jardim. A
cidade recebe água das barragens de Pedro Moura e Bitury, essa acumulou mais de
17 milhões de metros cúbicos de água. Hoje tem mais de 700 mil, cerca de 3% da
capacidade. "Eu procuro ser organizada, manter o equilíbrio, porque se a
gente for juntar roupa, juntar prato, se a gente não tiver uma certa
organização, aí fica mais difícil, porque na torneira, como vocês viram, não
tem água", falou a dona de casa Conceição Bezerra.
"A gente deixa de
comprar várias coisas, de pegar o dinheiro suado para sair, se divertir com a
família, a gente tem que comprar água, infelizmente", disse o estudante
Davi Emanuel. Comprar água é indispensável. A cidade passou boa parte do ano
com um racionamento pesado, sendo um dia com água e 29 dias sem. "Não
tenho ideia quanto a gente gasta, tem mês que gasta menos, tem mês que tem um
bocado de gente. Quando tem muita gente a gente gasta mais. E água na torneira
parece que vai ser difícil ", expressou o aposentado Ilmo de Oliveira.
E também falta água até
mesmo para quem vende. "É difícil porque a gente sai de casa cedo pra ver
se consegue, quando chega lá não tem água, aí vai pra outro posto e não tem,
vai para outro e não tem, aí chega em um e o homem diz que tem que esperar que
é tudo na vez", afirmou o vendedor de água Genival Luiz Monteiro.
Fonte:G1