Em seu discurso, Maduro diz que está mobilizado em apoio
à institucionalidade e em defesa da paz da Venezuela. A fronteira com o Brasil
foi bloqueada na noite de quinta-feira (21).
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, discursou na
tarde deste sábado (23), na cidade de Caracas, para apoiadores. Em seu
pronunciamento, Maduro afirmou que opositores que tentam entrar com ajuda
humanitária são 'traidores'.
"Minha vida é consagrada totalmente à defesa da
pátria, em qualquer circunstância. Nunca me dobrarei, sempre defenderei a minha
pátria com a minha vida, se necessário for. É uma ordem que dou ao povo, aos
militares patriotas, a todas as forças armadas bolivarianas. Se vocês amanhecerem
um dia com a notícia de que fizeram algo com Nicolás Maduro, saiam as
ruas", afirmou Maduro.
Maduro chamou a ajuda humanitária de "brincadeira de
enganar bobo". Ele criticou diretamente a qualidade e quantidade da ajuda.
"Dois mortos que comeram dessa comida, centenas de pessoas envenenadas.
Comida cancerígena, podre. E a quantidade? Se toda fosse distribuída, não
chegaria nem a 15 mil municípios", disse Maduro.
"Estão bloqueando remédio, alimentos. Eu dei a lista
completa das nossas necessidades e disse também vamos coordenar com a ONU, para
ver se vocês cumprem essa oferta. (...) Será aceita a ajuda humanitária, se for
legal. Não sou mendigo de nada, para título de mendigo fale com Guaidó",
afirma.
Brasil
Em relação ao Brasil, Maduro disse que os venezuelanos
não são maus pagadores. "Estamos dispostos como sempre estivemos a comprar
todo o arroz, todo o açúcar, todo leite em pó que vocês quiserem vender. (...)
Não somos maus pagadores, nem mendigos, somos gente honrada e que trabalha. Querem o que? Trazer caminhões com leite em pó? Eu compro agora", disse.
Maduro também exaltou a importância da defesa das
fronteiras, citando o fechamento como a mais importante ação em 200 anos.
Conclamando o povo, alertou que não é tempo de traição e
atacou o presidente autoproclamado, Juan Guaidó, desafiando que ele convoque
eleições.
Estados Unidos
Também criticou as ações na fronteira e a participação
dos Estados Unidos.
"Ajuda humanitária? A quem Donald Trump ajudou na
vida dele?", afirmou. Ainda acusou os EUA de tramar golpes para interferir
no poder da Venezuela e diz que um pequeno grupo sequestrou os rumos da
oposição.
"Eles não têm vontade própria. O que aconteceria com
a Venezuela se caísse na mão dessa gente?", disse. "Minha vida está
consagrada à defesa da pátria. Em qualquer circunstância. (...) A ordem que dou
ao povo e aos militares patriotas: se algum dia vocês amanhecerem com a notícia
de que fizeram algo contra Maduro, saiam às ruas", disse.
Fechamento de fronteira e protestos
A fronteira da Venezuela com o Brasil foi fechada na
noite desta quinta-feira (21), após Nicolás Maduro determinar o bloqueio por
tempo indeterminado. Grupos de venezuelanos que cruzaram a fronteira antes das
20h (horário local, 21h em Brasília) foram informados pela Guarda Venezuelana
de que não poderiam retornar após o horário definido por Maduro.
Também houve embates entre líderes indígenas e militares
venezuelanos nesta sexta-feira (22) em Kumarakapay, na Venezuela, a cerca de
80km da fronteira com o Brasil. Segundo informações dadas por líderes indígenas
e parentes de vítimas à agência de notícias Reuters, uma pessoa morreu e outras
ficaram feridas.
Pronunciamento de Guaidó
Na manhã deste sábado, Juan Guaidó, o chanceler
brasileiro, Ernesto Araújo, e o presidente da Colômbia, Iván Duque, defenderam
que a Venezuela aceite ajuda externa em um pronunciamento conjunto na
cidade de Cúcuta, na Colômbia.
Após o discurso, Guaidó partiu em direção ao país
acompanhando comboio com mantimentos para tentar furar o bloqueio de Maduro. Os
dez caminhões na fronteira com a Colômbia se preparam para deixar a cidade em
direção à Venezuela. A oposição
marcou para este sábado o dia 'D' para recebimento de doações de
outros países, mas esse apoio é rejeitado pelo presidente venezuelano, Nicolás
Maduro. Há protestos acontecendo nas fronteiras entre o Brasil e a Venezuela e
entre a Colômbia e a Venezuela — onde há pelo menos um ferido
Fonte: G1