Gustavo Uribe - Folha de S.Paulo
Em sua primeira manifestação pública após
ser denunciado pela terceira vez pela PGR (Procuradoria-Geral da
República, o presidente Michel
Temer afirmou nesta quinta-feira (20) que deixa o mandato com mágoa
pelos ataques morais que sofreu.
Em evento de final de ano com os funcionários do Palácio
do Planalto, ele afirmou que levará mágoa por ataques morais que os
quase três anos em que ficou à frente da função foram "dificílimos" e
defendeu a sua imagem pública, ressaltando que sempre teve uma vida "muito
correta".
"Eu levo isso numa mágoa: os ataques de
natureza moral. Porque eu tenho mais de 50 anos [de trajetória
profissional]. Eu tive uma vida na universidade, na profissão, uma vida pública
muito exata, muito correta", disse.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou
o presidente na quarta-feira (19) pelos crimes de corrupção ativa e
passiva e por lavagem de dinheiro. Ela pediu que, a partir de janeiro, a
acusação passe a tramitar perante a 10ª Vara Federal no Distrito Federal.
"Quando vêm os ataques de natureza pessoal, aí
realmente isso me caceteia, me chateia, me aborrece. É a única coisa que me
aborrece", afirmou.
Também nesta quinta-feira (20), o presidente cancelou
agenda pública que faria pela manhã a Santa Catarina para inauguração de um
centro de educação integral.
A programação é de que nesta sexta-feira (21) ele
compareça a evento em São Paulo e, durante a viagem, se reúna com seu
advogado, Antonio Claudio Mariz, para discutir a sua situação
jurídica.
É a terceira vez que o presidente é denunciado. No ano
passado, as duas primeiras foram barradas pela Câmara dos Deputados, mas podem
ser reativadas a pedido do Ministério Público Federal quando ele deixar o
cargo.