A estrutura de segurança para a posse de Jair Bolsonaro,
em 1º de janeiro, está tirando o sono do governo. As exigências do presidente
eleito para garantir a preservação de sua vida são cada vez maiores. Já está definido
que a Esplanada dos Ministérios será fechada a partir de 30 de dezembro. Para
isso, o Executivo admite suspender o expediente de funcionários públicos nos
dias 30 e 31. Normalmente, esses dias são extremamente movimentados na
Esplanada, sobretudo no Ministério do Planejamento, por causa da corrida das
pastas para empenhar recursos do Orçamento a fim de garantir verbas para
projetos considerados prioritários.
O esquema de segurança prevê, ainda, o uso de equipamentos especiais para
bloquear sinais de telefones celulares, enquanto Bolsonaro estiver se
movimentando pela Esplanada, principalmente em carro aberto. Também haverá
bloqueios para drones, uma vez que o medo de atentados é enorme. Tal
possibilidade é aventada nos bastidores por assessores próximos do presidente
eleito. Operação da Polícia Civil prendeu duas pessoas, na quinta-feira, no Rio
de Janeiro e no Recife, ambos suspeitos de ameaçar Bolsonaro e o
vice-presidente, general Hamilton Mourão.
Bolsonaro, os filhos dele e Mourão, sempre que podem,
alertam para os riscos de algo ruim acontecer. “As conversas entre as equipes
do governo atual e do próximo são sempre tensas”, confidencia um integrante do
Planalto. “As exigências em relação à segurança do presidente eleito durante a
posse, principalmente para as áreas abertas, são cada vez maiores”, acrescenta
a fonte.
O Planalto reconhece, porém, que há razões para tamanhas
exigências. Não se pode esquecer, segundo um assessor de Michel Temer, que
Bolsonaro sofreu um sério atentado. Quase morreu ao levar uma facada durante um
ato de campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro. Desde então,
houve um reforço na segurança do pesselista. Um grupo de elite da Polícia
Federal não desgruda do presidente eleito dia e noite.
A própria saúde de Jair Bolsonaro preocupa seu staff. Na
quinta-feira, a equipe médica do Hospital Albert Einstein, em São Paulo,
avaliou a situação dele e chegou à conclusão de que a recuperação tem sido
excelente. Assim, para que o início do mandato seja cumprido de maneira mais
tranquila, resolveu-se que a cirurgia de fechamento da colostomia — resultado
da facada recebida em setembro — só será feita em 28 de janeiro. A decisão
permitiu que o futuro presidente participe do Fórum Econômico Mundial, de 22 a
25 de janeiro em Davos, na Suíça.
Macri
Há expectativa de presença de diversos chefes de Estado.
Um dos que já confirmaram foi o primeiro-ministro de Israel, Benjamin
Netanyahu. Falou-se também na vinda do presidente norte-americano, Donald
Trump, mas nada até agora foi oficializado. Na sexta-feira (14), o presidente
da Argentina, Mauricio Macri, afirmou que não virá ao Brasil, entretanto, já
marcou um compromisso em 16 de janeiro, em Brasília, com Jair Bolsonaro.
Segundo informações da Agência Brasil, a reunião foi
decidida por telefone, ontem. Macri disse que não poderá comparecer à posse de
Bolsonaro, mas enviará o chanceler argentino, Jorge Faurie, para representá-lo
na cerimônia. Em sua conta no Twitter, o governante argentino disse que
pretende trabalhar em parceria com o colega vizinho pela causa dos brasileiros
e argentinos.
“Combinamos de nos encontrar, em 16 de janeiro, em
Brasília, para começar a trabalhar juntos nesta nova etapa”, disse Macri, no
Twitter. Também pela rede social, em outubro, Macri destacou a vitória de
Bolsonaro na eleição presidencial. “Parabéns a Jair Bolsonaro pelo triunfo no
Brasil. Quero que trabalhemos juntos em breve por causa da relação entre nossos
países e do bem-estar de argentinos e brasileiros”, escreveu Macri, na ocasião.
320 parlamentares são recebidos
Desde o início do período de transição de governo, o
presidente eleito, Jair Bolsonaro, e o futuro ministro da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni, receberam no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) 320 deputados,
senadores eleitos e parlamentares que não foram reeleitos. Apesar do grande
volume, apenas o PR declarou que irá compor a base aliada. Outros partidos,
como PSD, PSDB, PRB e Podemos, sinalizaram que vão votar com o governo nas
pautas convergentes e importantes para o país. De acordo com Onyx, “no governo do
presidente Jair Bolsonaro, a relação com o parlamento será de respeito e
parceria”. “Queremos que, já ao final de 2019, os parlamentares possam dizer:
nunca fomos tão respeitados e tão bem tratados pelo governo federal”, afirmou.
Até agora, o presidente eleito já recebeu as bancadas de PSL, PP, MDB, PR, PRB,
DEM, PSDB, PSD e Podemos.
Fonte: Diário de Pernambuco