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Retirada do programa Mais Médicos afeta mais de 1,6 milhão de pernambucanos, diz Associação de Municípios de PE


O fim do acordo entre Brasil e Cuba para o programa Mais Médicos e a saída dos profissionais do país caribenho causa um impacto no tratamento de mais de 1,6 milhão de pernambucanos, especialmente no Sertão do estado. A afirmação é do presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), José Patriota. No Brasil, são 28 milhões de desassistidos

Em Pernambuco, há 414 médicos cubanos em atuação, segundo o Ministério da Saúde. Eles trabalham principalmente em áreas afastadas dos grandes centros. Segundo a Secretaria de Sapude do estado, os profissionais estão em 125 cidades e nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). 

Prefeito da cidade de Afogados da Ingazeira, distante 386 quilômetros do Recife, Patriota, que é do PSB, declara que cidades dos sertões do Pajeú e do Araripe ficam praticamente sem assistência de saúde preventiva com a retirada dos cubanos. 

No Sertão do Pajeú, de acordo com o gestor, a proporção é de 22 profissionais de Cuba para três ou quatro brasileiros. "Cada um desses profissionais atende uma média de 4 mil pessoas. Portanto, em uma área com 180 mil habitantes, cerca de 88 mil pessoas ficarão sem assistência médica", afirmou. 

De acordo com Patriota, o cálculo de pessoas afetadas pela saída dos médicos é feito a partir da quantidade de pacientes atendidos por cada Unidade de Saúde da Família (USF), multiplicada pelo número de médicos. 

Em média, segundo ele, as equipes, que têm um médico cada, atendem até 4 mil pessoas. 

"É a visita ao acamados, subnutrição, pré-natal. Coisas que podem ser resolvidas preventivamente, já que falta educação e informação à população. Tirando o médico, em três ou quatro meses, vai estourar a cota das emergências dos hospitais", diz José Patriota. 

O presidente da Amupe afirma que no Sertão do Araripe, o problema pode ser até mais grave. "Temos cidades, como Verdejante, que contam basicamente com os médicos cubanos. A cidade pode ficar sem ninguém", observou. 

Ainda segundo Patriota, outro problema nas regiões em que há poucos médicos é o acúmulo de funções desempenhadas pelos profissionais brasileiros, que mantêm vínculo de trabalho com mais de uma empresa.

"Os médicos cubanos têm um foco na prevenção. A saúde da família é uma especialidade que tem cada vez menos profissionais. O médico brasileiro vai ao interior para a residência, passa de seis meses a um ano e vai embora, atrás de uma nova especialidade. Além disso, muitos acumulam contratos e plantões para complementar a renda", afirma Patriota. O G1 entrou em contato com a Secretaria de Saúde do estado para repercutir o caso e aguarda resposta.
Fonte: G1 PE