Governo cubano anunciou decisão de retirar do Brasil os mais de 8 mil profissionais que atuam no programa. Motivo são declarações 'ameaçadoras e depreciativas' de Bolsonaro.
O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (14)
que lançará nos próximos dias um edital para convocar médicos que queiram
ocupar as vagas a serem deixadas pelos profissionais cubanos do programa Mais
Médicos.
Nesta quarta, o Ministério da Saúde Pública de Cuba
anunciou a decisão de deixar o programa Mais Médicos, criado durante o
governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Cuba enviava profissionais para atuar
no Brasil desde 2013. O governo cubano atribuiu a decisão a "declarações
ameaçadoras e depreciativas" do presidente eleito Jair Bolsonaro.
"A iniciativa imediata será a convocação nos
próximos dias de um edital para médicos que queiram ocupar as vagas que serão
deixadas pelos profissionais cubanos. Será respeitada a convocação prioritária
dos candidatos brasileiros formados no Brasil seguida de brasileiros formados
no exterior", diz texto de nota divulgada pelo Ministério da Saúde.
De acordo com a nota, o ministério trabalha desde 2016
para diminuir o número de profissionais cubanos no programa Mais Médicos.
Segundo a nota, naquele ano havia 11,4 mil cubanos nos Mais Médicos.
Atualmente, cubanos ocupam 8.332 das 18.240 vagas do programa, informou o
ministério.
Além do edital para convocação de novos médicos, o
ministério informou que, entre outras medidas, também vinha estudando uma
negociação com estudantes de medicina formados por meio do Programa de
Financiamento Estudantil (Fies). "Essas ações poderão ser adotadas,
conforme necessidade e entendimentos com a equipe de transição do novo
governo", diz a nota.
O ministério afirma ainda que adotará "todas as
medidas" para que médicos brasileiros atendam no programa de "forma
imediata".
Leia a íntegra da nota:
Posicionamento do Ministério da Saúde sobre o programa
Mais Médicos
O Ministério da Saúde recebeu nesta manhã (14) o
comunicado da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), no qual o governo
cubano informa que encerrou sua parceira no programa Mais Médicos. Diante do
fato, o governo federal está adotando todas as medidas para garantir a
assistência dos brasileiros atendidos pelas equipes da Saúde da Família que
contam com profissionais de Cuba.
A iniciativa imediata será a convocação nos próximos dias
de um edital para médicos que queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos
profissionais cubanos. Será respeitada a convocação prioritária dos candidatos
brasileiros formados no Brasil seguida de brasileiros formados no exterior.
Desde 2016, o Ministério da Saúde vem trabalhando na
diminuição de médicos cubanos no programa. Até aquela data, cerca de 11.400
profissionais de Cuba trabalhavam no Mais Médicos. Neste momento, 8.332 das
18.240 vagas do programa estão ocupadas por eles.
Outras medidas para ampliar a participação de brasileiros
vinham sendo estudadas pelo Ministério da Saúde, como a negociação com os
alunos formados através do FIES (Programa de Financiamento Estudantil). Essas
ações poderão ser adotadas, conforme necessidade e entendimentos com a equipe
de transição do novo governo.
O Ministério da Saúde reafirma e tranquiliza a população
que adotará todas as medidas para que profissionais brasileiros estejam
atendendo no programa de forma imediata. Fonte: G1