O julgamento
do trio conhecido como “Canibais de Garanhuns”, acusados de assassinar,
esquartejar, consumir e vender carne humana dentro de salgados, foi adiado
nesta sexta-feira (23). O advogado de um dos réus não compareceu ao tribunal e,
com isso, o júri foi adiado para o dia 14 de dezembro.
Os três seriam julgados pelas mortes de Alexandra da
Silva Falcão, 20 anos, e Gisele Helena da Silva, 31 anos, ocorridas em
Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. A sessão estava marcada para o Fórum
Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra, no Centro do Recife.
O trio já foi
condenado anteriormente pela morte de Jéssica Camila da Silva Pereira,
17 anos, em maio de 2008.
O advogado de Jorge Beltrão Negromonte da Silveira não
compareceu ao Fórum. O juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti determinou,
inicialmente, que apenas o julgamento de Jorge fosse adiado para o dia 14 de
dezembro e que a Defensoria Pública fosse acionada para evitar um novo
adiamento.
Os defensores de Isabel Cristina Pires da Silveira e
Bruna Cristina Oliveira da Silva se retiraram do tribunal como forma de
protesto e, sem a presença dos advogados, o juiz determinou também o adiamento
do júri das duas.
O magistrado afirmou, ainda, que mandaria ofício à Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), ao Ministério Público de Pernambuco e ao
Conselho de Magistratura devido a postura dos dois advogados de abandonar a
sessão do júri.
"Pela plenitude de defesa, se faz necessário que o
Jorge esteja presente. Ele é apontado não apenas pelas outras acusadas, mas
pelo próprio delegado como mentor, mandante e executor de todos os crimes. Não
há possibilidade de fazer um júri sem ele. Nossa defesa seria muito
prejudicada", apontou Rômulo Lyra, defensor de Bruna.
Esse não é o primeiro adiamento de julgamento do trio
pelos crimes cometidos em Garanhuns. Anteriormente, o advogado de Isabel pediu
que o júri fosse transferido de comarca devido à comoção na cidade devido ao
crime.
Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina
Pires da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva são julgados por duplo
homicídio triplamente qualificado - por motivo torpe, com emprego de cruel e
impossível a defesa da vítima, além de ocultação e vilipêndio de cadáver e de
furto qualificado.
Jorge Beltrão e Bruna Cristina respondem ainda por
estelionato, sendo que Bruna será julgada também pelo crime de falsa
identidade.
Família lamenta
O advogado Cláudio Cumaru, assistente de acusação
contratado pela família de Gisele, lamentou o adiamento do julgamento.
"É com muita tristeza que recebemos esse adiamento.
A família, há muito tempo, quer uma punição aos culpados. A família fica
indignada. É com tristeza que vemos coelgas abandonar o júri como
manobra", apontou Cumaru.
Denúncia
Segundo a denúncia do Ministério Público de Pernambuco
(MPPE), as duas vítimas foram chamadas à casa de Jorge Beltrão Negromonte
Silveira para ouvir a palavra de Deus ou para um trabalho de babá. Com a
participação de Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da
Silva, as mulheres foram mortas em 2012 e partes dos corpos foram armazenadas
para consumo dos três acusados.
“Nesses dois casos, estão confirmadas a autoria e a
participação dos três. Sem sombra de dúvida, cada um teve sua participação.
Nessa seita criada pelo réu Jorge, havia uma determinação de que cada um iria
cumprir um determinado papel na execução desses crimes”, afirma o promotor do
MPPE, André Rabelo.
O representante do MPPE também contesta o argumento
utilizado pela defesa no julgamento de 2014, de que os réus têm transtornos
mentais. “Foram feitos laudos psiquiátricos por peritos oficiais do Estado,
então não há dúvida nenhuma de que nenhum deles é portador de nenhuma doença
mental. Existe, naturalmente, um transtorno de personalidade, afinal de contas
ninguém mata pessoas e come partes de um ser humano”, declara o promotor.
Fonte: G1 Caruaru