Quando subiu à rede e parou
no bloqueio de Araki, Gabi parecia carregar todo o peso da decepção. O sonho de
uma possível redenção durou apenas um set. Nesta quinta-feira, em Nagóia, o
Brasil precisava vencer o Japão por 3 sets a 0 para avançar à terceira fase do
Mundial. Chegou a ter cinco pontos de vantagem na parcial, mas voltou a se
perder na própria instabilidade. Eliminada ainda no início, a seleção conseguiu
renovar os ânimos para buscar a virada: 3 sets a 2, parciais 23/25, 16/25,
28/26, 25/21 e 15/11. Uma vitória com muito pouco a festejar em um adeus
melancólico.
Foi uma campanha marcada
pela falta de equilíbrio. A seleção, que sonhava com um título inédito, se
despede ainda na segunda fase: em nove jogos, seis vitórias e três derrotas.
Termina o Mundial em sétimo lugar, no pior resultado desde 2002, quando também se
despediu em sétimo. O título da competição é o único dos grandes que falta para
a equipe, bicampeã olímpica (em Pequim 2008 e Londres 2012). O Brasil foi
vice-campeão mundial em 1994, 2006 e 2010 e bronze em 2014.
A equipe fecha a segunda
fase do Mundial em quarto lugar no grupo E, com 20 pontos, atrás das três
seleções classificadas à terceira fase: Holanda, Japão e Sérvia. No Grupo F,
Itália e China entraram em quadra já classificadas. Atuais campeões, os Estados
Unidos, mesmo com uma derrota para as italianas por 3 a 1, conseguiram ficar
com a última vaga. Maior vencedora da história, com sete títulos, a Rússia foi
outro gigante a se despedir do Mundial nesta quinta. Derrotadas pelas chinesas
também por 3 a 1, desperdiçaram a chance de seguir na competição.
Tandara, com 24 pontos, foi
a maior pontuadora do jogo, seguida por Fernanda Garay, com 20. Pelo Japão,
Koga marcou 23. Na saída de quadra, o choro com a eliminação. Natália, Gabi,
Dani Lins e Adenízia, entre outras, não conseguiram esconder a dor da
eliminação. Mais sereno, Zé Roberto lamentou a queda, mas ressaltou a luta até
o fim.
- É claro que estamos muito
tristes com a eliminação. Mas era importante vencer, sair de cabeça erguida.
Fiquei feliz com a entrega do time, mas infelizmente não deu - afirmou o
treinador.
Queda logo no início
A seleção foi à quadra com
uma mudança. Garay, que entrou bem contra a Holanda, voltou a ganhar a vaga de
Drussyla. Foram as japonesas, porém, que abriram a contagem, com Koga. O início
já mostrou como seria o desenho da partida. Com muito volume de jogo, o Japão
tentaria vencer o bloqueio brasileiro com rapidez. Foi um começo equilibrado,
com os dois times se alternando no comando do placar. Um bloqueio de Tandara,
porém, deu a vantagem ao Brasil antes do primeiro tempo técnico.
Aos poucos, o Brasil
conseguiu se soltar. Depois de Suelen salvar uma bola quase impossível,
Fernanda Garay soltou o braço para marcar. No ponto seguinte, Roberta apareceu
livre para empurrar para a quadra rival e marcar 11/8. A técnica Kumi Nakada,
então, pediu tempo. O Japão cresceu e ficou a um ponto do empate. Àquela
altura, no entanto, o Brasil parecia seguro. Voltou a controlar o jogo e logo
abriu 22/17. Quando as japonesas marcaram dois pontos seguidos, Zé Roberto
pediu tempo e tentou arrumar a casa. Mas, com um pouco de sorte, as japonesas
chegaram ao empate. O saque de Araki tocou na fita e caiu direto na quadra
brasileira. A virada veio em um erro de Tandara, ao vir de trás e pisar na
linha de três metros na hora de atacar. Quando Gabi ficou no bloqueio rival, o
sonho chegou ao fim: 25/23. Ali, o Brasil já estava eliminado do Mundial.
Era difícil voltar à quadra.
No intervalo, maior que o costume a pedido da TV japonesa, as jogadoras
brasileiras tentaram se consolar. Gabiru, por exemplo, tinha os olhos cheios
d’água. Ainda que não houvesse mais chances, era preciso voltar. Classificado,
o Japão jogava solto diante de uma torcida tão barulhenta quanto animada.
Faltava ao Brasil a concentração para tentar reagir. Na primeira parada
técnica, as donas da casa já tinham 8/4 no placar.
Não demoraram a disparar. A
decepção pela queda era nítida, e o Brasil sequer conseguia fazer frente às
rivais. Logo, o Japão teve 18/10. Zé Roberto tentou mudar, mandou Dani Lins,
Drussyla e Adenízia à quadra, mas pouco adiantou. Em um novo erro de Drussyla,
fim de papo: 25/16.
O Brasil queria se despedir
de forma digna. Começou melhor o terceiro set e abriu 7/2. Foi para o primeiro
tempo técnico com 8/4 no placar. Foi o sinal para que as coisas desandassem
mais uma vez. As japonesas reagiram e passaram à frente. As brasileiras, porém,
brigaram. Ainda não queriam se despedir. Salvaram quatro match points e tomaram
a dianteira duas vezes na reta final, em uma virada improvável. No ace de
Fernanda Garay, fecharam o set: 28/26.
Na tentativa de se despedir
ao menos com uma vitória, o Brasil se manteve à frente no quarto set. Com
Thaisa em quadra, a seleção buscou fortalecer seu bloqueio e abriu 9/6 no
placar. As japonesas conseguiram retomaram a vantagem e já tinham 16/12 no segundo
tempo técnico. O Brasil, na marra, conseguiu retomar o controle do jogo mais
uma vez. No ace de Tandara, fez 21/16. As japonsas ainda ficaram a um ponto do
empate, mas Gabi forçou o tie-break: 25/21.
No tie-break, o Japão voltou
a dominar a partida e abriu 3/0 logo no início. Os erros brasileiros ainda
estavam todos lá. Mas havia luta, porém. Com um ace de Fernanda Garay, deixou
tudo igual, em 7/7. A partir dali, conseguiu se manter à frente até fechar em
15/11.
Confira as escalações:
Brasil: Roberta, Tandara,
Gabi, Fernanda Garay, Bia e Adenízia. Líbero: Suelen.
Entraram: Dani Lins,
Natália, Adenízia, Drussyla e Thaisa.
Japão: Tashiro, Koga,
Shinnabe, Araki, Okumura e Kurogo. Líbero: Kobata.
Entraram: Ishii, Inoue,
Nagaoka, Uchiseto e Shimamura.
Fonte:GE