Eleito com mais de 39 mil votos, grupo é composto por cinco mulheres e pretende dialogar com conselho político para participar das votações da Casa Joaquim Nabuco.
Pela primeira vez na Assembleia Legislativa de Pernambuco
(Alepe), um grupo de cinco mulheres passa a ocupar uma das 49 vagas da casa.
Sob o codinome “Juntas”, o grupo, filiado ao PSOL, foi eleito com 39.175
votos e pretende dividir, além do gabinete e das decisões políticas, a
remuneração e os benefícios financeiros.
O grupo é formado pela jornalista Carol Vergolino, pela
estudante de letras Joelma Carla, pela ambulante Jô Lima, pela professora Kátia
Cunha e pela advogada Robeyoncé Lima, a primeira
transexual do Norte e Nordeste do país a usar o nome social na carteira da
Ordem dos Advogados do Brasil.
“Ocupar esses espaços é muito importante. Somos muito
mais do que um corpo político. Dizemos que somos cinco, mas somos 50, 500, 50
mil mulheres juntas. A legislação eleitoral é individualista e a gente espera
essa experiência de 'mandata' sirva de inspiração para outras pessoas”, afirma
a advogada Robeyoncé, que se inspirou, junto com o grupo, em outros mandatos
coletivos exercidos em Goiás,
Minas Gerais e São Paulo.
Temas como política para as mulheres, direito à educação
e moradia são algumas das bandeiras da “mandata”, palavra adotada pelo grupo
como o feminino de “mandato”. Com a mudança, as mulheres do Juntas têm o
objetivo de reforçar o que o grupo pretende defender na Alepe.
“Somos uma ‘mandata coletiva’ porque somos feministas. A
gente entra para rasgar esse sistema político e para dizer que a política pode
acontecer de outro jeito, por isso a gente inverte a lógica linguística e
trazemos essa ideia de coletividade, em que tudo vai ser decidido em conjunto”,
explica a jornalista Carol Vergolino.
Como funciona para a Justiça Eleitoral
De acordo com o assessor da Corregedoria do Tribunal
Regional Eleitoral, Orson Lemos, não existe impedimento para candidaturas
coletivas, mas a legislação não contempla todos os participantes de uma única
vez. Para a lei, uma pessoa do grupo é tida como o representante oficial,
responsável por participar das votações e da tomada de decisões com outros
deputados estaduais.
“O nome delas na urna é ‘Juntas’, porém só está inscrita
uma delas. Só uma delas deve ser diplomada e vai receber a posse. Se as outras
vão ser nomeadas dentro do gabinete, é algo decidido entre elas. Se a
representante faltar às sessões, as outras não podem dar o voto”, esclarece
Lemos.
Nas urnas, o grupo foi representado pela ambulante Jô
Cavalcanti, que, segundo o Tribunal Regional Eleitoral, é a representante legal
das cinco. “Vamos dividir tudo. Desde os salários até as decisões, que vão
chegar para nós através de um conselho político composto por movimentos
sociais. A representante sou eu, mas tudo vai ser dialogado”, afirma Jô.
Bancada feminina dobra na Alepe
Em relação às eleições de 2014, o número
de mulheres escolhidas para ocupar cargos na Alepe dobrou em 2018. No
domingo (7), 10 parlamentares conquistaram vagas e passam a representar 20,4%
das 49 cadeiras da Casa Joaquim Nabuco. A candidata Gleide Ângelo (PSB) foi
a candidata
mais votada entre os deputados estaduais, com mais de 412 mil votos.
Fonte: G1 PE