Para o presidente do PSDB, as declarações de Bolsonaro
sinalizam que o presidente eleito pretende substituir a liberdade de imprensa
pelo clientelismo de imprensa
O presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, criticou nesta
segunda-feira, 29, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) após ele dizer ao
Jornal Nacional, da TV Globo, que pretende tirar recursos do governo federal de
veículos de imprensa que se comportarem de maneira "indigna" como é
supostamente o caso, segundo Bolsonaro, do jornal Folha de S. Paulo.
Na primeira manifestação de Alckmin desde o primeiro
turno da eleição, no qual o tucano terminou em quarto lugar, com 4,76% dos
votos, o ex-governador disse que Bolsonaro começou mal.
"A defesa da liberdade ficou no discurso de ontem
(domingo). Os ataques feitos hoje pelo futuro presidente à Folha de S.Paulo
representam um acinte a toda a imprensa e a ameaça de cooptar veículos de
comunicação pela oferta de dinheiro público é uma ofensa à moralidade e ao
jornalismo nacional", disse Alckmin em sua conta no Facebook.
Ao JN, Bolsonaro prometeu respeitar a liberdade de
imprensa, mas disse que o repasse de verbas de anúncios da União é uma coisa
diferente. "Sou totalmente favorável à liberdade de imprensa, mas temos a
questão da propaganda oficial de governo, que é outra coisa”, disse. “Não quero
que (a Folha) acabe. Mas, no que depender de mim, imprensa que se comportar
dessa maneira indigna não terá recursos do governo federal. Por si só esse
jornal se acabou."
Para o presidente do PSDB, as declarações de Bolsonaro
sinalizam que o presidente eleito pretende substituir a liberdade de imprensa
pelo clientelismo de imprensa. "Alguns fazem críticas aos seus críticos
porque não conhecem seus próprios limites. O futuro presidente vai ter de conviver
e de respeitar todos e, em especial, os que a ele dirijam críticas",
disse.
Alckmin não divulgou voto no segundo turno, e o PSDB
manteve-se neutro na eleição. Seu afilhado político, João Doria, eleito
governador de São Paulo, aderiu com afinco a campanha do candidato do PSL. No
discurso da vitória, o ex-prefeito de São Paulo elogiou Bolsonaro e disse que
"o meu PSDB tem lado". Fonte: Diário de Pernambuco