Por Cristiana Lôbo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu, na
tarde de hoje, em conversa com políticos do PT e advogados, na superintendência
da Polícia Federal, em Curitiba, não antecipar a apresentação de Fernando
Haddad como cabeça de chapa na corrida pelo Palácio do Planalto.
A decisão foi tomada após duas rodadas de conversas com
petistas e advogados nesta segunda na cela especial em que está preso desde
abril na capital paranaense. O PT estava dividido em relação a qual estratégia
adotar.
Lula optou por aguardar a apresentação de recurso ao
Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) que negou o registro da candidatura do ex-presidente, tendo como base o
voto do ministro Edson Fachin. Na ocasião, o magistrado divergiu do relator do
processo no TSE, ministro Luís Roberto Barroso, e votou por autorizar
provisoriamente a candidatura Lula.
Para Fachin, embora Lula esteja inelegível pela Lei da
Ficha Limpa, é preciso aguardar decisão final de comitê da ONU que recomendou a
participação do ex-presidente na eleição de outubro.
Isso indica que o PT decidiu apostar na possibilidade de
que, por sorteio, o caso de Lula caia no Supremo com o ministro Ricardo Lewandowski,
que poderia tomar decisão monocrática de suspender a decisão do TSE e, como
Edson Fachin, assegurar o cumprimento de recomendação do Comitê de Direitos
Humanos da ONU.
O PT acredita, ainda, que, se no sorteio o processo cair
com os ministros Marco Aurélio Mello ou Celso de Mello, pode ser levado ao
plenário, com a possibilidade de ser concedida liminar, garantindo a manutenção
da candidatura de Lula.
Ao mesmo tempo, o PT vai apresentar petição ao Comitê de
Direitos Humanos da ONU informando que as autoridades brasileiras não atenderam
à sua recomendação. Essa medida, no entanto, é muito mais simbólica do que
passível de efeito concreto.
Nesta segunda-feira, a presidente do PT utilizou seu
perfil no Twitter para dizer que o partido apresentará "recursos judiciais
cabíveis" para "defender" a candidatura de Lula.
Na postagem, Gleisi também afirmou que a legenda
denunciará à Organização das Nações Unidas (ONU) o que chamou de “não
cumprimento” de determinação da entidade. Na avaliação da petista, o Brasil
atravessa um período de anormalidade.
“Denunciaremos a ONU [sic] o não cumprimento do que
determinou em relação à candidatura de Lula, assim como entraremos com recursos
judiciais cabíveis para defender essa candidatura. Seguiremos denunciando as
injustiças contra Lula e contra o povo brasileiro. Não vivemos tempos normais
no Brasil”, escreveu a presidente do PT na rede social.