Um grupo de 75 eruditos, teólogos e sacerdotes da Igreja
Católica publicou um documento sem precedentes, onde fazem um apelo para que o
Colégio de Cardeais peça ao papa Francisco que ele ensine a “autêntica
doutrina” sobre a pena de morte.
O documento é resultado da decisão do pontífice em
alterar a redação do Catecismo da Igreja Católica sobre a pena de morte.
Lançado a uma semana, o “Apelo aos cardeais da Igreja Católica” conta com a
assinatura de filósofos, teólogos e escritores de várias partes do mundo.
O grupo de intelectuais inclui padres e professores de
Ética, Filosofia, Direito ou Teologia de instituições de prestígio como a
Universidade de Oxford, diz que o sumo pontífice está contrariando as
Escrituras e citam textos bíblicos onde o assunto é tratado. Lembram ainda que
“esse é o ensinamento consistente do magistério por dois milênios”.
Para eles, a decisão de mudança do Catecismo é
“gravemente escandalosa”, o que poria em causa a infalibilidade papal.
“É uma verdade contida na palavra de Deus (…) que
criminosos podem, legalmente, ser condenados à morte pelo poder público quando
isso se mostra necessário para preservar a ordem na sociedade civil”, diz a
carta. As acusações são sérias e os teólogos justificam seu abaixo-assinado com
o “direito expresso no Direito Canônico” de exporem publicamente o assunto para
tentarem “salvaguardar a integridade da fé e dos costumes”.
Eles pedem que os mais de 200 cardeais da Igreja “ponham
fim a este escândalo, como é seu dever” e que “Sua Santidade retire este
parágrafo do Catecismo e transmita a palavra de Deus de forma não adulterada”.
A mudança de redação do ponto 2267 do Catecismo foi
anunciada no início deste mêse passou a dizer: “a Igreja ensina, à luz do
Evangelho, que ‘a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade
e dignidade da pessoa’, e empenha-se com determinação a favor da sua abolição
em todo o mundo”.
Até o momento não houve manifestação sobre o pedido de
reversão ao texto original do Catecismo por parte do Vaticano.
O caso lembra a tentativa, em setembro de 2016, de um
grupo de cardeais conservadores – os alemães Walter Brandmüller e Joachim
Meisner, o italiano Carlo Caffarra e o americano Raymond Leo Burke – de
acusarem Francisco de causar confusão na Igreja com a publicação da encíclica
“Amoris Laetitia” [Alegria do amor], onde Francisco propôs que a Igreja seja
“mais acolhedora” com as realidades das famílias contemporâneas, admitindo que
os divorciados possam, em alguns casos, receber a comunhão.
O Papa preferiu ignorar os cardeais e nunca respondeu
àquela carta.
Com informações de LifeSite