Quando o governo vai bem,
todo candidato busca o apoio do Planalto. Quando vai mal, ninguém quer ser
visto ao lado do presidente. A eleição de 2018 se enquadra no segundo caso.
Reprovado por 82% dos brasileiros, Michel Temer virou uma companhia tóxica. Os
políticos se escondem dele como o Super-Homem foge da criptonita.
O primeiro dia de campanha
deixou claro que o momento é da oposição. Em São Paulo, Marina Silva criticou o
descaso com a saúde e disse que o Brasil está “quase na UTI”. Em Curitiba,
Fernando Haddad acusou Temer de se comportar como um “pau-mandado dos Estados
Unidos”. “O governo é completamente subalterno aos interesses americanos”,
atacou, depois de visitar Lula na prisão.
No Rio, Ciro Gomes festejou
um reforço inesperado. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Temer o acusou de
dizer “barbaridades” e afirmou que ele pretende “destruir” o legado do governo
atual. “Acabei de ganhar na loto!”, ironizou o candidato do PDT. “O presidente
Michel Temer acabou de anunciar que o adversário dele sou eu”, prosseguiu.
Na mesma entrevista, o
presidente deu um presente de grego a Geraldo Alckmin. Ao ser questionado sobre
o fato de tantos aliados apoiarem o tucano, ele deu uma resposta marota. “Se
você dissesse: ‘Quem o governo apoia?’. Parece que é o Geraldo Alckmin, né? Os
partidos que deram sustentação ao governo, inclusive o PSDB, estão com ele”,
disse o emedebista.
O candidato oficial do
Planalto, Henrique Meirelles, não consegue passar de 1% nas pesquisas. Diante
de seu naufrágio iminente, os governistas tentam pular para o barco de Alckmin.
O risco é que a carga extra impeça o tucano de chegar ao segundo turno.
Ao ser questionado sobre as
declarações do padrinho, Meirelles não se mostrou aborrecido. “O presidente tem
as suas preferências”, desdenhou. “As pessoas entendem que seria até favorável
a mim”, prosseguiu. De bobo, o ex-ministro não tem nada.
Bernardo Mello Franco – O Globo