Mais do que a ressaca das
bizarrices do debate de ontem na Band, o que está turbinando a sexta-feira é a
nova pesquisa XP/Ipespe, a primeira desde a confirmação de candidatos e vices
pelas convenções. Para surpresa de ninguém, o quadro não mudou, e Jair
Bolsonaro continua na liderança nos cenários sem Lula, que mantém firmes seus
31%: o capitão tem 23%, seguido de longe pelo trio embolado Marina Silva (12%),
Geraldo Alckmin (10%) e Ciro Gomes (9%).
Fernando Haddad, quando
entra no cenário explicitamente como candidato de Lula, pula de 3% para 13%,
embolando-se com o trio mas ocupando a primeira colocação do segundo pelotão.
Nesse quadro, já detectado
pelas pesquisas internas dos partidos, os caciques do PT informam que nada muda
em sua estratégia de levar até o último momento
a batalha jurídica em torno do registro de Lula. O que quer dizer que,
até lá, Haddad continua naquela situação de quem não é carne nem peixe, nem
vice nem cabeça de chapa, uma espécie de meio candidato.
Se está dando certo até
agora, para quê mudar? – indaga um peso pesado do PT. Essa situação, porém,
está sendo mais monitorada, dia a dia, minuto a minuto, do que paciente de UTI.
Os petistas acreditam piamente na capacidade de transferência de votos de Lula,
mas sabem que, no enunciado das pesquisas, é fácil comunicar ao entrevistado
que Haddad é o indicado de Lula. Na vida real, esse processo pode não ser tão
simples nem tão rápido assim. É isso que centraliza hoje todas as conversas no
PT.
Helena Chagas – Blog Os Divergentes