"Me dói (deixar o
futebol), mas estou agradecido a Deus pela carreira que ele me deu", diz
Zuñiga, que estava no Atlético Nacional e deixa os gramados com apenas 32 anos
de idade
Considerado um dos vilões da
Copa 2014 ao dar uma dura entrada em Neymar, o lateral colombiano Camilo Zuñiga
anunciou sua aposentadoria nesta terça-feira. Curiosamente, o anúncio foi feito
no mesmo dia que se completam quatro anos do duelo pelas quartas de final do
Mundial no Brasil.
Com apenas 32 anos, Zuñiga
concedeu uma emocionada entrevista coletiva no Atlético Nacional nesta
terça-feira, clube no qual foi revelado e onde atuava desde o começo de 2018
depois de várias temporadas no futebol europeu.
- Hoje penso mais no meu
futuro, na minha família. Desde que cheguei no Nacional dei minha palavra que
fazer todo o possível para voltar aos gramados, mas senti que não cheguei nem a
40% do que era. Cumpri meu sonho e estou tranquilo porque me aposento em casa,
onde me deram a oportunidade de mostrar (meu futebol) e de ir ao futebol
europeu e de vestir a camisa da seleção da Colômbia. Me dói (deixar o futebol),
mas estou agradecido a Deus pela carreira que ele me deu, por me deixar cumprir
meus sonhos – disse Zuñiga, que chorou por algumas vezes durante a coletiva.
Joelhada e inferno astral
Revelado pelo Nacional, onde
foi bicampeão colombiano (2005 e 2007), Zuñiga foi para a Itália em 2008
defender o Siena. Um ano depois foi contratado pelo Napoli. Na equipe do Sul da
Bota brilhou: ganhou duas Copas da Itália e uma Supercopa do país. As boas
atuações o levaram à seleção colombiana, onde era um dos principais nomes da
defesa na Copa de 2014.
Mas aí vieram às quartas de
final do Mundial. Brasil e Colômbia. E aos 41 minutos da partida em Fortaleza,
a violenta entrada em Neymar. A partir daí começou o inferno astral de Zuñiga.
Instantaneamente, o jogador
colombiano se transformou em inimigo público número 1 no Brasil, acusado de
“quebrar” premeditadamente o camisa 10 da Seleção. Zuñiga foi alvo de milhares
de xingamentos, ameaças nas redes sociais e ofensas racistas - inclusive à
filha de dois anos – mesmo após pedir desculpas e dizer que não teve a intenção
de machucar Neymar. Ambos se enfrentaram num amistoso dois meses depois e o
brasileiro abraçou o colombiano inclusive (embora, na Copa América de 2015, a
dupla tenha se desentendido).
Em outubro de 2014, Zuñiga
voltou a sentir problemas no joelho direito, o mesmo a que tinha sido submetido
a uma cirurgia meses antes do mundial daquele ano – e o mesmo que atingiu
Neymar.
As dores crônicas foram
minando o futebol de Zuñiga, que passou a ser emprestado pelo Napoli (atuou por
Bologna e Watford, mas sem nenhum brilho). Se dentro de campo as coisas não iam
bem, fora também não. Perdeu o pai em 2016, mesmo ano em que viu a madrasta
sofrer um violento assalto e ainda foi acusado de manter um filho fora do
casamento.
No final de 2017, depois de
mais de seis meses encostado no departamento médico e já não sendo mais
convocado pela seleção colombiana, rescindiu contrato com o Napoli e acertou
seu retorno ao Atlético Nacional. Só conseguiu estrear em maio, fato que acabou
com qualquer possibilidade - se é que existia - de disputar a Copa deste ano na
Rússia.
E, no mês passado, a última
“desgraça”: entrou em campo aos 40 do segundo tempo da decisão diante do Tolima
para segurar o resultado (o Nacional vencia por 1 a 0). No entanto, foi expulso
por um carrinho violento. Com menos um, os Verdolagas sofreram o empate e
perderam o título na disputa de pênaltis. Fonte: Globo Esporte