Aliança viabilizaria
candidatura do PSL com tempo de TV e rádio
Cristiane Jungblut e Eduardo
Bresciani - O Globo
Inconformados com a possível
composição de uma chapa entre o PR e o PSL de Jair Bolsonaro, os caciques de
DEM, PP, PRB e Solidariedade, aglutinados pelo presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, vão tentar convencer a sigla de Valdemar Costa Neto a não formalizar
apoio ao ex-capitão do Exército. O presidente do Solidariedade, Paulo Pereira
da Silva, afirmou que vai propor ao centrão que convide o PR para a próxima
reunião do bloco, marcada para quarta-feira da semana que vem.
Os caciques partidários
avaliam que o PR viabilizará, de fato, a candidatura de Bolsonaro, caso
formalize a aliança, pois garantirá ao candidato do PSL tempo de rádio e
televisão na propaganda eleitoral, algo que ele praticamente não tem hoje. A
situação do PR foi analisada por dirigentes do centrão logo após o encontro da
última quarta-feira com o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin.
— Defendo que o PR participe
do nosso encontro, porque o partido sempre esteve, de alguma maneira, junto com
o grupo em ações na Câmara — disse Paulinho.
Além de tempo de TV, a
influência de Valdemar na Câmara, principal liderança do PR, mesmo não estando
mais formalmente filiado ao partido, ajudaria Bolsonaro a conquistar apoio
parlamentar. Sem apresentar a lista, Bolsonaro diz já ter o apoio de mais de
cem parlamentares. O próprio Valdemar já participou de encontro dos partidos do
centrão, quando disse que nunca apoiaria o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes,
nem acreditaria na viabilidade eleitoral do pré-candidato Geraldo Alckmin. A
dupla negocia uma aliança com os partidos do bloco.
Em conversas recentes, os
dirigentes dos quatro partidos lembram as parcerias na Câmara e no Senado e
avisam ao PR que, se fechar com Bolsonaro e ele perder, a sigla não poderá
voltar a fazer parte do centrão como se nada tivesse acontecido.
Por enquanto, Valdemar vê na
aliança com Bolsonaro a vantagem de eleger uma grande bancada na Câmara e no
Senado, seu principal objetivo. Em diversas ocasiões, Valdemar tem dito que o
tucano não vai decolar, e que já foi vítima de ataques verbais de Ciro, os
quais não esquece.
PARTE DA BANCADA APOIA
BOLSONARO
Enquanto o centrão tenta
afastar o PR de Bolsonaro, a ala de deputados do partido que apoiam o
ex-capitão quer promover na próxima semana uma reunião da bancada da Câmara
para mostrar a força dos que defendem a aliança com Bolsonaro e emitir mais um
sinal de que o acordo está próximo.
Conforme O GLOBO revelou na
semana passada, Bolsonaro trata a aliança com o PR como bem encaminhada,
dependendo apenas do senador Magno Malta (ES) concordar em ser seu
vice-presidente. Aliados do presidenciável no partido vão além e dizem que o
acordo sairá ainda que Malta decida buscar a reeleição ao Senado, desde que
Bolsonaro escolha outro integrante do PR para vice. A ideia de reunir a bancada
é para deixar clara a existência de uma maioria pró-aliança.
— Estamos tentando marcar
uma reunião para discutir a aliança. A ideia é conversar com todo mundo, mesmo
aqueles que são contra. Vamos avançar nessa construção — diz o deputado Capitão
Augusto (SP), que é cotado para assumir a presidência do partido caso a
coligação vingue.
— Vamos tentar fazer a
reunião na semana que vem porque o prazo para a decisão final está chegando.
Mas as coisas já estão muito bem encaminhadas — afirma Lincoln Portela (PR-MG).
Bolsonaro tem minimizado o
desgaste que uma aliança com o partido de Valdemar, condenado no mensalão, pode
trazer para seu discurso anticorrupção. O presidenciável repete que sua
negociação não é com Valdemar e afirma que as críticas vêm de quem deseja
evitar que ele consiga ter tempo de televisão. Sozinho com o PSL, Bolsonaro
teria apenas oito segundos de TV em cada bloco de propaganda e uma inserção a
cada três dias. O PR daria para o presidenciável mais 45 segundos em cada bloco
e duas inserções por dia.
Na negociação em andamento há
um pedido adicional de Bolsonaro. Como o PR tem alianças com o PT em alguns
estados, ele deseja que seja feito um compromisso de que os deputados do
partido nestas regiões não possam usar sua imagem na campanha. Fonte: Blog do Magno Martins