Pernambuco vive o maior surto de conjuntivite dos últimos
10 anos, segundo garantiram, ontem, as médicas oftalmogistas Edilane Sá e
Adriana Góis, que atendem na Emergência do Hospital Altino Ventura.
Pelos
números exibidos durante entrevista coletiva, do início de 2018 até agora já
são 37.047 casos confirmados, com 5.599 apenas nos últimos 15 dias, enquanto
que no mesmo período de 2017 foram apenas 3.359, verificando-se aí um aumento
de 37,47%.
Asseguraram ainda que a grande surpresa é que dados de janeiro
a dezembro de 2017 dão conta de que de num universo de 150.799 atendimentos,
constatou-se 27.281 registros da doença e que “está ficando complicado atender
quase mil pessoas, numa emergência, por dia, principalmente quando a nossa
capacidade física é para apenas 400.
E já chegamos até a 1.400, o que foi por
demais desconfortável. E o pior é que os pacientes ficam muito expostos e mais
vulneráveis ao contágio.”
Também coordenadoras de ensino do curso de Especialização
em Oftalmologia, as médicas ratificaram o surto mas informaram não ter os
números de 2009 com exatidão, por conta das dificuldades de identificação, da
época, quando ainda não se trabalhava, no caso, com o CID – Classificação
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde.
Por ser a única
emergência pública de referência e credenciada pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), no Norte e Nordeste, segundo as médicas, “do total das pessoas
atendidas nos últimos meses, três por cento foram de outros estados ou da
Região Metropolitana do Recife. Algumas eram turistas, estavam por aqui a
passeio, e tivemos que dar atenção. Mas o nosso trabalho abrange os 185
municípios pernambucanos.”
Doença sazonal
A grande preocupação das autoridades, de acordo com a
dra. Adriana Góis, “é que a conjuntivite é uma doença sazonal,
registrando-se os maiores números de casos durante o período escolar e em
épocas festivas, a exemplo do Carnaval, quando há uma maior concentração de
pessoas num mesmo lugar. Mas começamos a perdceber a elevação dos números
em novembro do ano passado e logo alertamos a Secretaria de Saúde da Prefeitura
da Cidade do Recife, informando que não tinhamos mais capacidade física nem
estrutural para atender tanta gente.
Sem dúvida nenhuma o que estamos vivenciando de janeiro
até agora é algo surreal. E por conta dessa situação atípica, de imediato
fomos atendidos. Felizmente, num primeiro momento a municipalidade
adotou medida emergencial, proporcionando o treinamento de 120 médicos
que trabalham nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) para que eles possam
participar desse dia-a-dia tão difícil para todos nós.”
O alerta para a população, de acordo com as médicas é no
que diz respeito aos sintomas da conjuntivite, que não são difíceis de
identificar, mas que em algumas situações podem confundir as pessoas,
“principalmente as mães, pois a doença pode afetar crianças e até
recém-nascidos. Na verdade, independe de idade e, por isso, vale a pena
observar, por exemplo, o aumento da sensibilidade à luz; ardor, irritação
e secreção nos olhos; lacrimejamento e olhos vermelhos.”
Como prevenção, lembram da necessidade de se evitar
ambientes públicos, lavar sempre as mãos com sabão e não levá-las aos olhos; em
casa, não compartihar toalhas, lenços ou qualquer objeto de uso pessoal. “Não
temos uma causa específica que sintetize os números da doença. Do nosso
conhecimnento a forma mais comum ainda é a viral”- completaram.