O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros
(Abcam), José da Fonseca Lopes, disse hoje (25) não acreditar que os milhares
de profissionais que desde a última segunda-feira (21) interditam parcialmente
as estradas de quase todo o país voltem à normalidade nos próximos dois dias.
“Este final de semana vai ser para montarmos as
estratégias que adotaremos a partir de segunda-feira. Na minha visão, não vamos
encerrar o movimento tão cedo”, declarou Fonseca à Agência Brasil. A declaração
de Lopes foi dada antes do pronunciamento do presidente Michel Temer, que
anunciou há pouco que acionou as forças de segurança para desbloquear as estradas
e garantir “a livre circulação e o abastecimento”.
“A barra está pesada. A revolta [dos caminhoneiros] está
grande e ninguém está querendo sair [da paralisação]. De hoje para
segunda-feira eu vou tentar uma manifestação para resolver [o impasse], mas, para
isso, eu vou ter que ter uma conversinha com o governo federal”, acrescentou o
sindicalista.
Ontem (24), Fonseca deixou uma reunião no Palácio do
Planalto enquanto ela estava em andamento. No encontro, nove das 11 entidades
representativas do setor de transporte assinaram um acordo com o governo
federal para tentar pôr fim à paralisação. Em troca do compromisso da Petrobras
manter pelos próximos 30 dias o preço reduzido do óleo diesel nas refinarias e
do governo estudar formas de baratear o preço dos combustíveis, as lideranças
sindicais que assinaram o acordo prometeram suspender o movimento por 15 dias.
A proposta foi recusada pela União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam) e pela
Abcam, que representa cerca de 700 mil trabalhadores.
“Eu fui lá defender um único item que, a meu ver, é o
principal: o fim da cobrança da alíquota do PIS/Cofins e da Cide sobre o óleo
diesel”, pontuou o presidente da Abcam, classificando outros pontos da pauta de
negociação, como a suspensão da cobrança do pedágio sobre o eixo suspenso, como
uma “esmola para caminhoneiros”.
Em nota, a Abcam repudiou o acordo assinado. “Ao
contrário de outras entidades que se dizem representantes da categoria, a
Abcam, não trairá os caminhoneiros. Continuaremos firmes com pedido inicial:
isenção da alíquota PIS/Cofins sobre o diesel, publicada no Diário Oficial da
União”.
Bloqueios continuam
Mesmo após o anúncio da assinatura do acordo, os
caminhoneiros continuam mantendo os bloqueios nas estradas. A própria Polícia
Rodoviária Federal (PRF) informou, esta manhã, que não tinha registradonenhuma
desmobilização nas rodovias do país.
Alegando que ninguém aguenta mais a alta dos preços dos
combustíveis no país, Fonseca reconheceu que o movimento vem contando com a
simpatia de uma ampla parcela da opinião pública e dos formadores de opinião,
mas que isso tende a mudar à medida que os reflexos da paralisação começarem a
impactar o cotidiano da população.
“Quem inicialmente nos apoiou, amanhã vai nos acusar pela
falta de alimentos, combustível, medicamentos…Queremos encerrar este movimento
com o mesmo apoio da opinião pública e de todos que nos ajudaram e estamos
trabalhando nesta linha, mas isso precisa ser uma coisa bem organizada e vamos
ter que voltar a ter uma conversinha com o governo”, acrescentou Fonseca. Fonte: Diário de Pernambuco