A primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF),
composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello, Luiz Fux,
Rosa Weber e Luís Roberto Barroso, julga nesta terça-feira, 17, se recebe a
denúncia oferecida pela Procuradoria-geral da República (PGR) contra o senador
Aécio Neves (PSDB-MG) pelos supostos crimes de corrupção passiva e obstrução de
Justiça, instaurado em maio de 2017, com base na delação da JBS.
O relator do inquérito é Marco Aurélio e a defesa do
senador tem a expectativa de que a denúncia seja rejeitada pela Corte. Aécio
aparece em uma gravação em que pede R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista,
um dos donos da J&F, que administra a JBS, sob a justificativa de que
precisava pagar despesas com sua defesa na Lava Jato.
Nesse inquérito, também são investigados a irmã do
senador, Andréa Neves, seu primo Frederico Pacheco de Medeiros e Mendherson
Souza Lima, ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrella (MDB-MG).
Na conversa gravada entre Joesley e Aécio, base para a
denúncia, eles acertam o pagamento dos R$ 2 milhões em quatro parcelas de R$
500 mil. Aécio enviou o primo, Fred, e disse: "Tem que ser um que a gente
mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar
o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara".
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, acusou
Aécio de usar o cargo para atingir "objetivos espúrios" ao pedir o
recebimento da denúncia, que havia sido feita pelo seu antecessor, Rodrigo
Janot.
"O teor das articulações de Aécio Neves, obtidas por
meio das interceptações telefônicas, ilustra de forma indubitável que a conduta
do acusado, que procurou de todas as formas que estavam ao seu alcance livrar a
si mesmo e a seus colegas das investigações, não se cuidou de legítimo
exercício da atividade parlamentar. Ao contrário, o senador vilipendiou de
forma decisiva o escopo de um mandato eletivo e não poupou esforços para,
valendo-se do cargo público, atingir seus objetivos espúrios", afirmou
Raquel Dodge.
Defesa
Procurado pela reportagem, o advogado Alberto Zacharias
Toron, que defende o senador tucano, foi sucinto. "Nós não temos
sinalização de como a Turma irá julgar, mas a expectativa é de ser
rejeitado." Fonte: Diário de Pernambuco